sábado, 21 de dezembro de 2019

Uma retrospectiva, talvez?


Quantas obrigações uma vida pode suportar? A quantas humilhações somos obrigados a nos sujeitar para ter algum prazer nesse mundo? 

Exigem ensino médio, faculdade (um que dê dinheiro), um bom emprego, carro, família estável, um lugar para morar sem ser junto com os pais. E isso bem no momento em que começamos a cristalizar a nossa personalidade. Somos obrigados a dar conta de todas essas demandas se quisermos "ser alguém". Mas pra ser alguém precisamos dar conta de tudo isso com um emprego exaustivo e humilhante de R$1.200, 00 na carteira sem mais direitos além de uma pressão gigantesca e terrorismo barato. 

E aí o tempo começa a passar. O cansaço começa a aparecer... Dores, tremores, lágrimas que não podem ser contidas. O sorriso alegre se torna um aceno dos lábios, fraco e mentiroso. Parece que tudo que nos resta são dias mais ou menos e dias horríveis. E é assim, nunca estamos felizes, apenas transitando entre o tédio e o cansaço. 

E continuamos com o sonho das conquistas, e pra conquistar nos sujeitamos as mais brutais humilhações que nossos chefes podem nos dar. Não importa a saúde, mental ou física, é bobagem. Importam os resultados, as metas, as notas, os relatórios... Demônios! Não passam de monstros, súcubos e íncubos e nos sugar a essência desde o brilho de nossos olhos até o tutano de nossos ossos.  De qualquer forma precisamos ser alguém, ou alguma coisa, e nos cobram que sejamos alguém, ou alguma coisa, mesmo que quando nos olhemos no espelho não consigamos sequer nos reconhecer. Quem é esse que me olha do espelho? 

Tenho de conquistar algo mas ainda não sei o que é. Ainda não entendi o que os anseios do meu coração gritam para mim, infelizmente o mundo tem gritado alto demais para eu conseguir ouvir... Minha maior vontade hoje não é comprar alguma coisa, muito embora eu esteja com dívidas monumentais por conta do descontrole que sinto toda vez que a frustração me bate na porta. Mas não, não quero conquistar ou entender o mundo. Há muito desisti desse objetivo. O máximo que posso querer é entender a mim mesmo. E isso já tem me custado um bocado de esforço... 

E assim vai acabando mais um ano. Ou foi o ano que acabou comigo? 

Lembro de começar 2019 indo todas as quintas na terapia, reclamar da solidão que sentia na companhia de um certo alguém que, me oferecendo o calor de sua presença não me oferecia companhia de verdade. E eu parti para outra. Encontrei companhia, achei meu lugar no mundo! Parece que, por um breve instante eu finalmente tinha encontrado aquilo que tanto procurava. Ou ao menos era isso que eu pensava quando estava rodeado de pessoas, sorrindo e brincando, todas as noites madrugada a dentro. Mas eu estava errado. Não tinha companhia e sequer tinha encontrado meu lugar. Não passou de uma ilusão.

E quanta ilusões não foram caindo este ano? O que era amor se mostrou carência, o que era amizade se mostrou ódio e rancor, o que era certo e promisso se mostrou uma decadência absoluta. Se comecei o ano fugindo de um amor que me destruía, sorrindo e cantando, esse ano eu termino no silêncio de minha própria solitude. Tudo se inverteu. E eu termino o ano completamente diferente de como comecei. Feliz por não ter me vendido. Feliz por não ter sido pisoteado tanto quanto queriam. feliz por ter tido forças para retrucar. Exausto, irritado, sentindo por algumas pessoas um ódio que não sabia ser capaz de sentir, é verdade, mas feliz. Sozinho, e feliz por estar só, porém muito bem acompanhado. 

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