domingo, 21 de junho de 2020

Antes do recomeço

É uma bela tarde, embora seja o início do inverno faz um pouco de calor, e a luz do sol que entra pela janela toca as minhas pernas, aquecendo mais do que o esperado. O ventilador lança um frescor no ar, que faz as cortinas verdes balançarem levemente. 

Todos estão quietos em casa. Minha amiga dorme no quarto ao lado e, no outro, meus pais conversam enquanto dobram as roupas que acabaram de tirar do varal. Meu quarto está com as portas fechadas desde cedo. No meu player as notas brilhantes da polifonia colorida da musica indiana. Meus vizinhos comemoram o aniversário da matriarca, em plena pandemia. Não os julgo, ainda ontem eu também saí para me encontrar com desconhecidos sem nenhuma boa razão além da quem que simplesmente queria. 

Terminei há pouco um romance, texto leve, embora escrito em português já não muito utilizado, dado que o autor é do século XIX, mas ainda assim leitura leve, um pouco boba até. A casa parece estar em paz, é um domingo tranquilo. A sala vazia e as portas fechadas, o que é uma raridade por essas bandas, e um sono pairando pelo ar. Parece que depois do almoço todos se recolheram para dentro de si. Domingo é dia de olhar o interior, ficar um pouco em silêncio, elevar ao céu uma prece, ou simplesmente espreguiçar-se enquanto as horas passam antes do recomeço da semana. 

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