quinta-feira, 11 de junho de 2020

Corpus Christi

A liturgia é mesmo algo de uma beleza tão sublime que as palavras humanas não podem mais do que arranhar a superfície desse grande oceano de graças que é celebrar o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Como disse São Paulo "agora nós vemos a Deus como que num espelho", e tudo que é feito na Santa Missa não é outra coisa senão um reflexo daquela liturgia celeste, celebrada pelos anjos e santos de frente ao grande trono do Cordeiro. 

As flores, com suas belas cores e pétalas delicadas, a alvura das vestes e toalhas, o perfume do incenso, os belos cantos. Tudo é um convite à oração, a contemplação, a voltar o nosso olhar para uma realidade diferente, algo superior, algo que favorece a virtude, que pouco a pouco dobra o coração, ao passo que cada um dobra o seu joelho. 

Sempre me sinto extremamente grato ao fim de uma grande celebração. Os últimos dias foram de uma grande apreensão por conta da solenidade de Corpus Christi. Cada pequeno detalhe da celebração me tirava o sono. As flores, as musicas, o carvão e o incenso, as toalhas... Perdi o sono. Acordei as quatro horas da manhã, tremendo de ansiedade... Mas agora, ao fim de tudo, sentindo apenas os músculos doloridos pela correria da procissão, eu sinto gratidão por ter a oportunidade de participar de tão grande graça. 

Principalmente nesses dias de pandemia, quando toda a comunidade fica limitada a participar apenas das celebrações dominicais ou solenidades, eu sou um dos poucos autorizados a participar diariamente. É uma graça sem tamanho, enquanto todos estão privados da eucaristia eu estou presente todos os dias. Me preocupo se meu ardor tem sido o suficiente para dar a Cristo aquele mesmo cântico de adoração que os seus anjos entoam nos céus, se falta muito a minha vida para estar como aqueles que alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro. 

"Pão e vinho, eis o que vemos, mas ao Cristo é que nós temos em tão ínfimos sinais!"

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