sábado, 13 de junho de 2020

Sonhos e planos

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Depois de dois dias extremamente cansativos, no sentido físico e mental da palavra, eu em pego deitado, exaurido de todas as forças, e percebendo algumas coisas que antes eram claras em mim e que hoje se mostram timidamente apenas, ou que desapareceram completamente. 

Eu percebo, não sem um certo tom de melancolia, que já não me sobraram mais sonhos. Não sonho um futuro lindo ao lado de alguém, e também não sonho mais com a aquela vida intelectual. Minha casa tem estantes com muitos livros que eu não leio, e no meu coração tem poeira, apenas. 

Acho que, depois de tanto tempo, eu perdi a capacidade de sonhar, e de ver a vida cor de rosa. Só levo comigo agora o celular e uma dose de desesperança, me desce a garganta como um bom gole de cachaça. 

Não vejo sentido nos sonhos, não vejo razão nos planos futuros. Mas também não vejo nada nas fotos antigas. É tudo um grande vazio. Como ainda sinto sono e dor, prefiro apenas ficar deitado e dormindo, atendendo a essa necessidade imediata. E é isso. Foi o que sobrou em mim. Restos, sombras, uma casca vazia. 

É com um riso, irônico e meio macabro, que eu me recordo de cada um dos meus amores, hoje amaldiçoados pelo meu próprio destino. Todos se foram, um a um, me dando as costas. Mas eu já deixei de ir atrás deles. Já não corro mais atrás de nada. Apenas eu fiquei, e nem por mim eu faço as coisas, haha. 

Não sei de onde me vem esse riso, talvez seja a risada do diabo ecoando em meus pulmões. Decerto suas palavras ecoam bastante em minha cabeça. 

Mas de qualquer modo, eu nem sequer sei direito do que estou falando aqui, só estou falando, e falando, palavras vazias ao vento, como eram o amor que sentia por cada um daqueles que agora aparecem em minha mente em imagens foscas de alguém que já estava ruim o suficiente antes das vinte gotas de remédio controlado para dormir que tomei na intenção de apagar e não ver mais nada. 

A minha lista é a de tudo que desisti de sonhar. Desisti de fazer a diferença, de ser grande, desisti até mesmo de ser eu mesmo. Já não sonho, senão que tenho pesadelos dormindo e acordado, vendo as pessoas ao meu redor ou aquelas que se foram. 

Mas ainda pareço preso ao passado. Não sei se é bem verdade, é apenas um defeito da minha escrita. Minha prisão não é outra senão a própria existência. Já sabia, sabia e fingia não saber, que na verdade esse cansaço extremo não é algo que se deu após a correria das missas ou do cotidiano, minha cabeça não está cansada do método cartesiano ou da dialética hegeliana, a minha alma está cansada desse mundo, eu estou cansado do ser. Por isso meu corpo protesta, protesta contra essa existência niilista que me faz apenas contemplar um eterno vazio. Me sobraram poucas lágrimas, mas elas ainda caem, e eu nem sei dizer o motivo. E eu estou triste, é só isso. E já me começa a cansar também dizer que estou triste. É como se fosse melhorar quando o digo, mas não é verdade, nunca melhora. Acho que o "melhor" é apenas um mito. 

É só isso. 

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