quarta-feira, 10 de junho de 2020

Desabafos

Uma tristeza toma conta do meu peito. O céu, que amanheceu límpido e com um azul brilhante agora está coberto de nuvens cinzas, nuvens pesadas de chuva. E eu nem sei o motivo. Apenas ficou assim, tudo cinza no meu coração. 

As flores secaram, a música acabou e os pés da bailarina já não dançam mais, senão que sangram em carne viva por sobre as pedras em que caminha.

E eu ando tão cansado, não importa o quanto durma, não importa o quanto tente descansar eu continuo exausto. E sempre aparece alguma coisa pra fazer, alguém pra ajudar, algum compromisso pra cumprir e eu não aguento mais, é demais pra mim, eu não dou conta, eu não consigo.

Eu não consigo. Não mais. 

Eu dizia "que o meu cansaço que a outros descanse" como na missa, mas eu não aguento mais. Cada fibra do meu corpo pede que eu descanse, cada parte de mim diz que eu preciso dar um tempo, que a qualquer momento eu vou explodir. 

E eu quero sexo, quero ser um animal, quero me entregar aos desejos mais torpes. Mas também quero distância, quero solidão, quero a tranquilidade de não ver e não pensar em ninguém. Quero ser um fera mas também quero ser monge. Quero gritar, correr, esmurrar, esfaquear. Quero ficar sozinho e esquecer que eu esquisito. 

Sinto uma enorme vontade de chorar, mas eu não consigo, as lágrimas simplesmente não descem. Choro então, pesadamente, dentro do meu próprio peito, onde me derramo em amor por entre anseios pelos amplexos do amado. Eu digo coisas e depois me esqueço que as disse. Fantasmas do passado retornam a todo tempo, eu não tenho sequer um ponto final. 

Quem poderá curar-me acaba de entregar-te já deveras, não queiras enviar-me mais mensageiro algum, pois não sabem dizer-me o que desejo. 

Como me aproximar dessa rosa? Como sentir seu perfume? Se ela só cresce em planícies distantes tão distantes que meu olhar sequer consegue enxergar o fim, ou montanhas tão altas que nenhum homem jamais ousou subir. 

Eu não sei o que fazer com isso, não sei como posso fugir dessa angústia que consome. Eu não sei mais nada... Há nem sequer me reconheço, na foto passado ou no futuro de agora... 

Acordando assustado no meio da madrugada, o corpo tremendo em ansiedade, a ira fazendo queimar o corpo e a mente e, no coração, uma desesperança. 

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