terça-feira, 2 de junho de 2020

A mentira

Já não consigo mais prestar atenção as mudanças e as disputas políticas e ideológicas que me cercam. Na verdade eu nem quero, já não estou mais aqui para viver como os outros, só estou aqui pela música e pelas histórias de amor. 

Eu sei, eu sei. Mesmo que já não acredite mais no amor, como se as histórias dos filmes e livros possam ser reais, eu ainda gosto de imaginar que o são, ainda que no pequeno período da leitura ou enquanto dura o filme...

É como uma fuga, brevíssima é verdade, mas que ajuda a encarar a frialdade inorgânica dessa existência tão patética. 

Ainda que tudo ao meu redor deixe claro que não, o amor não é mais do que apenas uma invenção humana, que nos ajude a enfrentar a realidade da morte e da dor, nos fazendo crer que existe algo belo e superior, capaz de a tudo vencer, como é nas obras de amor. 

Mas a verdade é bastante diferente. O amor não suporta a dor, o amor se esvai no vento como poeira. O amor do amante não toca o coração do amado, senão que este apenas pode sentir pena daquele. O amor não é esta potência capaz de a tudo vencer, senão que a tudo pode sofrer. O amor é, na verdade, uma esperança que nasce do desejo de uma vida melhor e mais bonita, e que sempre resulta na desesperança, no horror da decepção. O amor é isto. 

Quantas mentiras como essa são contadas pra nós não é mesmo? E de mentiras eu estou cansado, ainda que muitas delas possam parecer agradáveis aos olhos, bastam num filme ou num livro, mas não para a vida real. 

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