segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Resenha - More Than Words

Sem dúvidas o melhor comentário sobre essa série foi justamente feito por um dos fansubs que a lançaram aqui no Brasil e que dizia justamente que, apesar do nome "Mais do que palavras" essa obra nos deixava justamente sem palavras e bem, é exatamente isso. E eu nem estava esperando por esse lançamento, comecei a assistir porque apareceu no fansub e só, e ela já capturou nos primeiros episódios. 

Mieko (Fujino Ryoko) é uma estudante colegial desiludida com os homens por causa do seu pai que a abandonou e do namorado violento. Ela começa a história fugindo desse relacionamento e acaba recebendo a ajuda imprevisível de Makio (Aoki Yuzu), um garoto bem popular que estuda na mesma escola que ela. Nasce aí uma amizade e, mais tarde, ao começarem a trabalhar juntos eles conhecem Eiji (Nakagawa Daisuke), um rapaz mais velho que eles e que se apaixona por Makio. Os três se tornam muito próximos e ela decide ver o relacionamento deles crescer, a medida que a relação entre cada um vai mudando pouco a pouco e tomando rumos inesperados. 

Essa série se tornou uma grata surpresa por três motivos principais: o excelente uso da linguagem simbólica, sobre a qual eu vou falar especificamente em outra oportunidade ou isso ficaria muito longo, pela qualidade da história que toma sentidos surpreendentes, e a perspectiva de uma série japonesa com temática gay sendo explorada com mais profundidade. Isso porque nos Bls japoneses geralmente vemos os casais percorrendo o caminho até ficarem juntos, acabando por aí, e em More Than Words nós acompanhamos mais das dificuldades que vêm após meses e anos de relacionamento, e como ele afeta amigos e família. 

Ela segue mais ou menos o formato intimista ao qual estamos acostumados das obras japonesas, a simplicidade é admirável e a composição dos episódios é muito bonita. Como disse, o excelente uso da linguagem simbólica enriquece muito a obra que não precisa de muitas palavras para dizer muita coisa. Os diálogos não são poucos nem nada do tipo, mas eles dividem o espaço com momentos de silêncio e introspecção que enriquecem muito as cenas, seja em mostrar a insegurança dos personagens ou sentimentos até mais complexos, como a melancolia, o ciúmes, o arrependimento, ou tudo isso junto. 

O caminho de cada personagem também é admirável e os três percorrem um caminho distinto, crescendo ao seu modo e sendo obrigado a lidar com problemas cada vez maiores e dilemas e decisões que certamente vão proporcionar uma forte emoção em quem assiste. Isso porque vemos sentimentos mudarem, crescerem e transbordarem. Vemos o trio de protagonistas com personagens bem diferentes, lidarem com as inseguranças, abrirem-se ao amor, as possibilidade, e fecharem-se após decepções. 

Como disse também o rumo surpreendente da história nos coloca frente a decisões deles que questionamos, e como as consequências delas impactam na vida uns dos outros. Também vemos algo que, embora presente como um fantasma, não tinha sido mostrado muito bem nos Bls japoneses que é a relação com a família e como ela lida com a sexualidade dos filhos. Vemos o impacto do preconceito que os pais têm sobre os filhos, forçando-os a tomar certos caminhos e desencadeando outras situações mais e mais complicadas. 

Mais a frente temos a importante adição de Asato (Kanechika Daki) a história, somando ainda mais com seus dramas e inseguranças e se relacionando com o trio de protagonistas. 

Temos então uma série que aborda os sentimentos intensos de descobrimento, aceitação e de como precisamos lidar com as consequências das escolhas, nas nossas vidas e sobre os outros também. Com uma narrativa forte e crua ela nos mostra personagens com várias camadas e personalidades sendo formadas, uns vão se descobrindo mais ao passo que outros se fecham e passam a viver superficialmente sem deixar-se tocar por ninguém. 

Também tem, além de um visual poderoso com o uso de cenas intensas ao mesmo tempo que aparenta uma simplicidade proposital ao retratar o interior conflituoso dos personagens em pequenas, ou não tão pequenas assim, demonstrações externas, e uma trilha sonora sensacional que, em cada episódio, consegue ajudar na construção desse conjunto. 

Nota: 9,5/10 

Obs.: Tô sendo parcial mesmo, seria 10 se não tivessem feito o pobre Makio sofrer tanto. 

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