quarta-feira, 17 de abril de 2024

Controvérsias

Não sei bem o que estou fazendo aqui, de certo modo parece que aceitei uma luta a qual já estava fadado a perder. Eu bem sabia que não podia ter esperanças muito grandes, quando me chamaram para coordenar a liturgia eu sabia dos limites desse cargo e ainda mais da comunidade, mas aceitei mesmo asaim, achando que poderia fazer algo, que poderia melhorar pelo menos um pouco. Mas, quanto mais os dias passam, mais eu vejo que as pessoas estão menos preocupadas em descobrir os desouros divinos presentes nas celebrações, do que expressarem, cada uma, as suas próprias convicções nos formatos mais toscos que elas possam acreditar. 

Até tentei encarar um pouco os estudos e debates ao redor da liturgia pelo Brasil, e muito se fala sobre redescobrir o verdadeiro valor das celebrações, seja por aqueles que buscam trabalhar a formação litúrgica estritamente nos moldes do Concílio Vaticano II ou ainda os que o rejeitam e buscam uma restauração, seja total, agora ainda mais difícil, depois das violentas sanções do Papa Francisco, ou ainda os que tentam dar continuidade ao minguado movimento de "reforma da reforma" de Bento XVI. Mas, os primeiros acabam numa celebração cada vez mais centrada em si mesmos, exemplificada pelos altares cada vez menores ao passo que a assembléia avança cada vez mais para um presbitério dessacralizado, enquanto os segundos caem num formalismo tão vazio quanto os de seus inimigos.

E eu sinceramente não sei o que faço aqui. Até pensei que poderia trabalhar com o pouco que me fosse dado, com uma pequena alteração do sentido do sagrado que se expresasse nas formas atuais do rito romano, mas ao que parece não sou tão bom formador quanto pensava. Ou tratam o que digo como mero formalismo ritual, ou simplesmente ignoram, em nome dos costumes idiotas criados com o propósito de integrar as pessoas na liturgia mas que são apenas expressão de uma mentalidade que já não é mais capaz de Deus, que no máximo se emociona num sentimentalismo barato provocado pela música e a essa emoção dá o nome de Deus. 

Eu sinceramente não sei o que estou fazendo aqui. E enquanto isso multiplicam as crianças vestidas de anjo (?) as músicas bregas e as controvérsias infrutiferas. 

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