domingo, 17 de março de 2019

Do desprezo

Minha mente mergulha num estranho oceano de confusas impressões. Não sei o que sentir, apenas sei que sinto algo, mas sem conseguir precisar do que se trata. 

Alguma parte de mim se sente traída, decepcionada, mas há algo em mim que apenas averiguou aquilo que já estava dado antes de tudo: não há decepção onde há pessoas, onde há imperfeição. Algo em mim apenas constatou o que antes era apenas um palpite: algumas pessoas não prestam e outras não estão nem aí para você. É uma matemática básica: das muitíssimas pessoas do mundo, poucas são as que despertam em mim um carinho e consideração genuínos, e poucas também são as que sentem-se assim despertas por mim. 

Ponto pacífico é que às vezes eu até esqueci daquela primeira impressão, aquela que me dizia que esta ou aquela pessoa não se importava comigo, mas apenas tinha algum interesse. Pode ser que nem mesmo a pessoa tenha consciência dessa realidade, mas assim o fez. 

Deveria me sentir traído? Decepcionado? Mas em mim há apenas a vontade de sentir pena de uma existência tão baixa, tão patética que não provoca empatia nem mesmo ao mais baixo dos animais. Não sei quem foi que disse que a crueldade é um dos prazeres mais antigos da humanidade, mas penso que tenha bastante razão, afinal, para atingir os próprios objetivos nós muitas vezes somos incapazes de pensar em como o outro se sentiria com isso. 

Mas de qualquer forma, não sei como deveria me sentir. Talvez não deva sentir nada. Prefiro assim. Acho que já me preocupei demais com quem não merecia, e isso só me trouxe dor. Talvez tudo o que eles mereçam sejam o meu desprezo, nada mais. 

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