sexta-feira, 8 de março de 2019

Futuro bestial

"A visão do homem agora cansa - o que é hoje o niilismo, se não isto?... Estamos cansados do homem..." 
(Friedrich Nietzsche)

Momentos em que vivo, um dia de cada vez, sem prestar muita atenção no futuro, sem fazer grandes planos, sem grandes expectativas. E me refiro ao mundo todo! Não espero muita coisa das pessoas que me cercam, de meu trabalho, de meus pais e muito menos de mim. Aliás, espero ainda menos de mim.

Não me vejo tendo um grande futuro, não me vejo sendo um grande homem bem sucedido, seja lá o que quer que eu faça de agora para frente... Não me vejo senão que sobrevivendo um dia após o outro. Talvez como um viciado em álcool ou benzodiazepínicos, mas de qualquer forma um inveterado desacreditador da humanidade. Não vislumbro um futuro diferente da destruição completa do homem, destruição essa que se não for feita de maneira objetiva, com paus e pedras, será de maneira metafísica, destruindo para sempre o espírito do homem, reduzindo-o a bestialidade.

Isso é algo que a cada dia se marca mais profundamente no meu peito. O homem é tão horrendo que poucas de suas obras não beiram a completa e horrenda disformidade da mentira. A beleza tornou-se rara em nossos dias. Desde a manhã o homem toma seu café, acende seu cigarro e consome as cinzas de uma sociedade podre, em noticiários que não fazem mais do que estampar em cores e letras garrafais a lixeira da miséria humana.

A simples aglutinação de tragédias gera em nós um constante gosto amargo na boca, e aos poucos a vida se torna amarga. Podemos ainda buscar o refúgio na cegueira onde essa luz não chega, e não culpo quem o faz. Aliás, se assim pudesse, eu mesmo o faria. Mas, como não posso me furtar a ver aquilo que há por onde passo diariamente, tendo a inevitavelmente contemplar o abismo da maldade de nossos corações, e como bem disse também Nietzsche: quando se olha para um abismo por muito tempo, o abismo olha para você! 

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