sexta-feira, 8 de março de 2019

Luzes e pessoas

Caminhando numa rua movimentando, no meio da noite. As pessoas desse lugar nunca dormem? Amanhece, anoitece, dias e noites passam e passam, e as pessoas continuam nas ruas, num vai e vem, num frenesi que nunca acaba. Para onde vão? De onde elas vem?

Algumas passam por mim com um sorriso aberto e cor de rosa no rosto. Parecem apaixonadas. Por sorte encontraram o amor no meio dessa multidão inquieta? 

Outras passam com um semblante preocupado, correndo para resolver os problemas de seus negócios, de suas vidas. As vezes a preocupação se transforma em incômodo, e a expressão delas é de um desalento total. Parecem já ter desistido da vida, e agora vivem sufocados em meio a essa selva de concreto de prédios e mais prédios que se erguem por sobre nossas cabeças. O céu é apenas um pequeno buraco na grossa nuvem de poluição que se levanta acima de nós. Eles sentem-se por ela envenenados, e ela aos poucos os mata.

Os jovens passam rindo e sorrindo, brincando despreocupadamente sob o efeito do álcool em suas veias. Parecem nunca parar de beber, e sempre andam sem rumo, de bar em bar, em busca de alguma bebida que possa fazê-los sentir-se satisfeitos consigo mesmo. Abafam os gemidos de seus corações com as risadas altas e as músicas que entoam sem afinação por aí...

Por fim, há ainda a maior parte dessas pessoas, que não sei quem são e nem para onde vão, tampouco sei de onde vieram. Algumas as vezes até chegam a esbarrar em mim, mas a pressa é tanta que já não podem mais desculpar-se. 

Algumas passam por mim com um sorriso aberto e cor de rosa no rosto. Parecem apaixonadas. Por sorte encontraram o amor no meio dessa multidão inquieta? Eu sou mais um entre os vagantes, andando sem rumo por essas ruas apinhadas de gente. Talvez uma delas seja o amor de minha vida. Eu ergo o olhar para os letreiros iluminados da grande avenida. As luzes brilham tanto, há algo de inspirador nelas também. Como se a vida agitada dissesse que nunca devemos parar de buscar algo, e é isso que todos ali estão fazendo, buscando suas felicidades. Só não sei se estão no lugar certo, pois mais parecem (parecemos) formigas tontas por aí. 

Fico ali, meio perdido, olhando ao meu redor as pessoas que nunca param senão para o sinal de trânsito que diz a elas quando atravessar a rua para não serem levados pela massa de carros que passam como manadas intermináveis de animais. 

E essa cidade nunca para. As pessoas desse lugar nunca dormem. Amanhece, anoitece, dias e noites passam e passam, e as pessoas continuam nas ruas, num vai e vem, num frenesi que nunca acaba. Para onde vão? De onde elas vem?

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