quarta-feira, 20 de novembro de 2019

De palavras vazias

O fim de semana se aproxima e, com ele, aquilo que deve ser um dos eventos que eu menos gostaria de participar. Três dias antes o meu corpo já grita em protesto pelo cansaço absurdo e desmedido que eu vou presenciar, isso tudo porque algumas pessoas colocaram na cabeça que passar o fim de semana ouvindo umas bobagens melosas é algo importante para a conversão de jovens.

Bem, sem querer entrar no mérito estatístico da serventia, ou não, do encontro, coloco em cheque as práticas ali defendidas largamente. As pessoas estão tão cegas e ávidas em fazer o que lhes dá na telha como se fosse inspiração divina que ignoram completamente a voz do próprio Deus que grita dizendo-lhes o que fazer. 

A Igreja ta aí para isso, para dizer o que Deus tem a nos dizer mas não conseguimos ouvir. Mas todos preferem ouvir a voz do próprio coração, afinal Deus não sussurraria ideias erradas a ninguém não é mesmo? Esquecem-se, no entanto, que o diabo tem o mesmo poder e inclusive adora essa abordagem. 

É incrível como não parecem notar a quantidade de esforço empreendida num encontro que, torno a dizer, não resume duas linhas do catecismo. Mas se o encontro não ensina o que a Igreja ensina, o que ele ensina? Ensina que Deus é o arrepio que sentimos enquanto alguém discursa uma meia dúzia de jargões melosos sobre família, namoro e coisas afins. Ensina que Deus está nas lágrimas que derramam ao ouvir músicas de cunho evidentemente protestante e, obviamente, destoante do ensinamento católico, aliás, uma música que repete a mesma frase ou palavra do início ao fim em acordes ascendentes não contém ensinamento algum, é, em si mesma, vazia, como a cabeça de quem compôs e de quem canta como se fosse o suprassumo da música sacra, fazendo revirar no túmulo autores realmente valorosos como S. Tomás de Aquino e Palestrina. Lamentável é pouco para descrever a bravata em que nos metemos. 

A Igreja, antes jovem e que confessava "Viva Cristo Rei!" aos pés dos algozes com coragem e virtude agora se resume às lágrimas e arrepios em sessões de histeria coletiva, frutos do espírito (não disse qual). 

E é a isto que prestarei meu esforço? É com um revirar violento do estômago que penso infelizmente ser tarde demais para dar ouvidos ao bom senso e me furtar a todo esse teatro. Talvez na esperança de que, uma vez dentro da Igreja e conseguido fugir dessa pantomima estapafúrdia, algum jovem possa descobrir a beleza da verdadeira Igreja, que esconde na simplicidade de um liturgia bem celebrada e na austeridade dos ensinamentos verdadeiramente cristãos, e não apenas de uma tendência melindrosa elevada ao extremo por pessoas notavelmente descontroladas de suas emoções que querem impor esse mesmo descontrole aos menos instruídos e mais desavisados. 

Sinto dizer que Cristo será o último a ser conhecido, se tanto. Mas a fugaz sensação de preenchimento que depois dará lugar a um vazio absoluto porque simplesmente trata-se de palavras humanas e vazias, ah, essa se fará presente em todos os dias. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário