segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Quem sabe

Tomado por uma ressaca anormal eu quase não consegui me manter acordado durante a manhã. Sentia como se tivesse ficado bêbado de querosene ou como se tivesse atravessado à nado toda a bacia do rio Amazonas. Minha tarde, tomada por uma brisa fresca de uma chuva que já se anuncia há vários dias, foi tirada de mim para fazer algumas avaliações que os meus chefes insistem que sejam entregues com meses de antecedência, numa demonstração claramente exagerada de uma tentativa demente de passar uma imagem de funcionalidade, quanta ilusão!

Só gostaria de descansar sem muito compromisso do fim de semana puxado que tive. Puxando em todos os sentidos. Compromissos mil, reencontros e discussões acaloradas. Não estava preparado pra essa tempestade emocional que me envolveu. 

Reencontro são sempre motivos de lembranças que são trazidas a superfície da consciência com uma delicadeza interessante. É como se as águas de um rio começassem a correr no sentido contrário, trazendo de volta as embarcações que há muito haviam partido. Não é necessariamente algo ruim, e uma frase me marcou nesses dias: algumas coisas devem ser feitas para esquecermos os problemas, e não relembrá-los. Claro, certas reaproximações requerem aquela cautela devida as almas que buscam crescer na virtude, a exposição a determinadas situações pode colocar em risco mais do que a minha saúde mental débil, pode jogar na lama a salvação de minha própria alma imortal. 

Esse foi outro ponto que me tocou bastante. Numa formação de fim de domingo fui colocado de frente com uma dilema: a obediência devida a Santa Igreja em detrimento das vontades e paixões pessoais. 

Meu amor a sacra liturgia me coloca sempre numa posição de abandono de minhas vontades e obediência absoluta aquilo que orienta a Igreja. Infelizmente posso perceber que a vontade particular quase sempre prevalece a vontade da Madre Igreja. Como prosseguir então em equilíbrio sem desagradar aos amigos e a Igreja? Impossível. Estaria eu servindo a dois senhores se assim o fizesse. Não pode haver discussões e nem concessões aqui. Um pedido da Igreja é um imperativo categórico em matéria de liturgia. Infelizmente é uma compreensão de poucos. 

Isso reforça minha atual impressão, quem tem guiado minhas reflexões mais pessoais nos últimos tempos: nada pode me encantar na Terra, a verdadeira felicidade não se encontra aqui, me apropriando das palavras de Santa Terezinha. Tudo que vejo nessa terra é decadência. O pedacinho de céu que encontro é a Santa Missa, então não há razões para não dar a ela o meu melhor. 

O próximo passo é um que venho adiando há tempos, mas que não pode mais ser protelado: amizade quer dizer querer as mesmas coisas e rejeitar as mesmas coisas, o que passa disso vem do demônio. Será uma ação difícil, mas não impossível. Um dia, quem sabe, encontro pessoas que partilhem do mesmo amor aqui ou, quem sabe, no céu. 

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