Pessoas me cansam. Cada uma delas me incomoda de algum jeito. A que mais me irrita é aquela que me observa com olhares de julgamento quando fico de frente pro espelho.
O céu azul não me traz mais felicidades. Uso óculos cinzas que pinta tudo numa de melancólica desesperança.
Minha alma? Desprendeu -se do corpo há muito tempo e partiu pra uma cidade chamada solitária. Meu corpo protesta em viver cada dia. Durmo tanto que só posso imaginar que o desejo de meu corpo seja o de não mais acordar.
O tédio toma do meu ser até mesmo nas atividades mais agitadas. As conversas são para mim um enfadonho passatempo que uso pra afastar o desejo primitivo e animalesco da companhia. O medo da solidão me obriga a ficar próximo de pessoas que me odeiam. Ao meu redor, no entanto, há lugares vazios e livros fechados. Histórias que nunca serão contadas, sequer imaginadas. O círculo de latência do meu coração é um vórtice infinito de desesperança e decepção.
Poderia fugir mas, para onde iria? A solidão está em mim, não resolveria o problema. E eu já fugi! Fugi para tão dentro de meu próprio coração que ninguém mais pode me alcançar, ninguém consegue sequer me ver.
Não adianta o quanto me exponha, o quanto me abra, ninguém consegue me ver. Todos os dias cada um dos meus passos é dado com um enorme esforço, levantar da cama é uma tarefa quase impossível e, ainda assim, ninguém se importa.
Com uma ironia brutal eu escrevo essas palavras sabendo que, por mais que estejam gotejadas de sangue, ninguém percebe a dor que há em casa uma delas...
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