quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Outra reflexão em uma tarde de chuva

Solitário, ouvindo a chuva cair e bater nas janelas de meu quarto, o som do piano ao fundo. Gosto de como a chuva cai, como o mundo todo parece dobrar-se ante a força das tempestades. E cada um aproveita a sinfonia da natureza a própria maneira: uns dormem, outros aquecem um chocolate e desfrutam de uma experiência, de leitura, de música, ou ficam simplesmente ali, aproveitando esse presente dos céus que se derrama sobre nós. 

Gosto como a chuva deixa o ambiente melancólico, trazendo à tona lembranças e reflexões. Eu sou daqueles que deixa a mente fluir com a chuva que cai e lentamente escorre pela terra. Levanto meu olhar aos montes e suspiro, desejando voar naquelas alturas ou nadar nas profundezas, explorando esse mundo com uma visão maior do que a que posso ter com minha pequena mente distorcida. 

Mas eu não sei nadar, me afogo, e não sei voar, na verdade, eu não sei mais nada. A chuva também me traz confusão. Minha alma fica inquieta, enquanto ouço o tilintar violento das gotas. Já tive a oportunidade de me banhar na chuva e me lembro que senti um certo desespero, em ser jogado para lá e para cá pelos ventos fortes e por estar sendo alvejado por centenas de agulhas por todos os lados. Me lembro ainda que, na ocasião, a única coisa certa que sentia era as lágrimas quentes escorrendo sob meu rosto, em contraste com as lágrimas geladas que caiam do céu. 

Talvez não seja a chuva a me trazer confusão. Talvez a tempestade só me faça perceber a tempestade que há dentro do meu próprio peito. E para onde escorre as águas que brotam do meu coração? Se resvalam na terra úmida de minha consciência, fazendo minha mente nadar num oceano de amores, ambições e decepções, irrigadas cada vez mais e cada vez mais fincando profundamente suas raízes em mim. 

De qualquer maneira, gosto de como o mundo parece silenciar-se quando a chuva cai. Assim como tudo se cala quando meu coração grita. 

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