quinta-feira, 7 de novembro de 2019

De um ataque de pânico

Saí do carro por alguns poucos minutos, e foi mais do que suficiente para sentir o pânico me subir pela garganta com um gosto amargo de algo podre dentro de mim. Um nó enorme se formou ali. 

As pessoas riam e sorriam, andavam e conversavam pra lá e pra cá. Me senti perdido. Esqueci o que tinha ido fazer lá, não sabia para que lado caminhar.  O medo se instaurou, as lágrimas vieram e, com muito custo, eu as contive. O pânico social é real.

Não sei como todos conseguem fazer isso o tempo todo. Como conseguem ouvir todo esse barulho sem desesperar-se?

O mundo é muito grande, e as pessoas são em número que parece nunca ter fim, e todas elas fazem barulho, todas agem como se o mundo fosse acabar se elas não calassem a boca, se elas não gritassem a plenos pulmões todo o tempo. 

Eu odeio esse mundo de barulho, de pessoas correndo sem rumo. Eu odeio o fato de todos parecerem ter um objetivo e eu não. Odeio o fato de estar perdido, de não saber que rumo tomar, que caminho seguir. 

O gosto amargo subiu, me vei uma ânsia quase incontrolável, um acesso de loucura que me fez perder os sentidos. Se a morte tem um gosto, tenho certeza que é como este. Eu acho que gritei, não me lembro bem, mas as pessoas me olhavam com um cara estranha, uma mescla de nojo com pena. É isto que me tornei, uma garatuja, um arremedo de ser humano que causa estranheza e nada mais. Só queria desaparecer dali a qualquer custo!

Por fim, fui tomado pela vergonha de ser assim. A vida, tão natural aos outros, me é tão custosa. Cada manhã uma batalha, cada voz uma tortura, cada olhar uma sensação gélida que me toma por completo. Tudo o que vejo é maldade e ambição, um mundo onde não me encaixo, um mundo que me dá medo, um mundo que me faz querer fugir. 

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