terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Que me transborda

Como tem sido difícil ficar perto de você, sentir sua presença, sentar ao seu lado e sorrir, brincar e conversar, mas sem a proximidade, sem a intimidade, que gostaria de ter. Tem sido difícil, fingir que não sinto mais nada, fingir que estou bem com apenas sua amizade, tem sido difícil, porque o que eu sinto, que é muito maior do que qualquer amizade, que é um amor tão poderoso, não pode ser contido apenas dentro do meu peito, é grande demais para meu corpo pequeno, e não raramente transborda.

Seja pelo álcool, seja pela música ou pelas lágrimas, não importa como mas o meu amor sempre transborda. O amor é então não um sentimento que nasce dentro do meu coração, não apenas isso, mas é um mundo superior, um oceano de águas impetuosas que o meu coração apenas toca, e é essa água que brota no meu coração, que mina imperiosamente de mim, que cresce, me preenche, mas não se limita a mim, me abarca e me supera ilimitadamente. Eu quase sinto esse amor transcender fisicamente, quando estou perto de você é como se o ar se tornasse rarefeito, é como se meu amor ocupasse também um espaço entre nós. 

E você tem esse poder sobre mim, abrasador, pois ao simples toque, ao simples olhar, ao menor abraço, uma carga elétrica passa por minha pele e vai diretamente ao meu coração. Essa carga, que penetra profundamente meus músculos e ossos até o tutano, enche de amor por ti cada fibra do meu ser, fazendo até que o ar que sai dos meus pulmões, exale o carinho que há em mim. 

E esse carinho nasceu do carinho que por mim tinha, nasceu de quando me ergueu do pó em que jazia, da lama que me encontrava em chafurdaria. Esse carinho nasceu daquele contato, com tua mão, que da mais profunda escuridão me fugia. 

"Como um fantasma que se refugia na solidão da natureza morta, por trás dos ermos túmulos, um dia, eu fui refugiar-me à tua porta!"

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