quinta-feira, 21 de julho de 2022

De uma vontade, entre a carência e o afeto

A minha mente está um pouco confusa, depois de dois dias sem dormir por entrado numa fase de hipomania. Além de ter exagerado no consumo de conteúdo numa maratona de dorama e em três documentários seguidos sobre a história da educação, eu ainda recebi visitas de vários parentes ontem, o que me obrigou a, pelo menos, ficar por perto e sorrir e responder algumas perguntas... Ouvir o primeiro comentário de alguém que não me vê há muito tempo dizendo que eu engordei (como se eu não tivesse percebido os 15kg sobressalentes). Mas enfim, entre infindáveis horas de conversa despretensiosa e ser obrigado a ver um capitulo da novela que falava de casamento onde ouvi as piores atrocidades sobre a Igreja e o sacramento. Depois me recolhi, ouvi uma aula e fui tentar dormir, em vão, só conseguindo pegar no sono no início da manhã...

E claro que nesse ínterim me vêm pensamentos de diversas ordens: súbitas compreensões de trechos e problemas que eu não tinha entendido e que agora começam a se relacionar melhor e compor o meu horizonte de consciência. Mas também imagens de outro tipo, como uma noite de filme, a pessoa querida do meu lado com cheiro de sabonete e um pijama confortável e um filme romântico doce e leve com uma mensagem simples porém verdadeira. A cabeça dele repousando em meu peito, meus dedos acariciando seu cabelo, apenas isso, sem demandas sexuais nesse momento, apenas a companhia agradável. Verdadeira companhia. Um abraço apertado e um beijo sincero.

Mas são apenas devaneios provocados pelo charme da minha dopada candura em tomar remédios que deveriam ser usados para apagar pacientes em hospital como se fosse bala. Nesses devaneios sempre há homens perfeitos, virtuosos, belos, compreensivos. Mas a realidade é seu total oposto. Não preciso me alongar em dizer que isso é feito para inspirar a busca pela verdade e não apenas impressionar como fim em si mesmo na contemplação de uma utopia. 

Surgiu então, no auge dos efeitos dos remédios que já me deixam tonto, que eu nunca sou suficiente, não o bastante, por mais que me esforce, dedique tempo e carinho ao outro eu nunca consigo a reciprocidade desse sentimento. Mas então percebi meu erro: eu faço todas essas coisas esperando ser retribuído por elas, não é amor verdadeiro, que não espera nada em troca "ah, sem contar eu dou pois convencida de que quem ama não sabe calcular" disse Santa Terezinha, e percebo que eu venho justamente calculado o amor que eu dava esperando outro em troca. Eu é que não sei amar e tenho esperado dos outros esse amor.

Meu próximo passo é buscar compreender no íntimo como eu posso mudar isso, fazer o bem a quem amo sem esperar nada em troca pois se, dos homens não vier nenhuma recompensa, virá do Alto, em quantidade maior do que posso imaginar até mesmo em meus maiores devaneios. Eu preciso aprender a amar. 

"Oh, feliz é quem padece sem apego a seu sofrer, para mais amar quem o fere, só buscando a si morrer." (São Paulo da Cruz)

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