domingo, 24 de julho de 2022

Noite e desesperança



Uma ligeira mudança de planos na rotina noturna, um ímpeto que me surge no peito crescendo em ardor e se inflamando pela luz prateada e o vento frio que entra pela janela. Fiquei tocado pelo drama de um episódio que estava assistindo, os sentimentos conflitantes do protagonista que, sentindo-se traído, tenta esquecer o homem que ele ama e ao mesmo tempo odeia. Seu olhar que antes era de doçura e alegria por acordar e vê-lo ao seu lado naquele quarto iluminado de hotel agora é só vazio e escuro como a noite solitária. A xícara que caiu e se quebrou foi um símbolo do seu coração, tantas vezes despedaçado por aquele que lhe trazia calor e aconchego. 

Ele será capaz de voltar a amar? Acho que ele não deixou de amar mas apenas trancou o que sentia bem fundo no próprio peito. É, seus olhos gritavam isso quando ele pediu, de uma vez por todas, que o outro o tirasse de sua vida. Ele só não queria mais sofrer, e eu entendo, entendo bem ele que agora se sente rejeitado e usado por alguém a quem ele confiou seu coração num momento de imensa vulnerabilidade. 

E então me pergunto se eu terei condições, principalmente disposição, de seguir em frente. No momento eu espero me mudar, não faz sentido procurar nada aqui quando minha intenção é ir para o outro lado do país, mas e quando chegar lá? Eu preciso me estabelecer primeiro, conseguir um emprego, e então eu posso me abrir, não posso continuar para sempre desacreditado do amor, posso? Mesmo que eu esteja com medo e não queira mais me cansar tanto quanto já me cansei, e aqui me lembro da noites em claro, gemendo e pensando em pessoas que nunca se importaram comigo, quando me curvava de dor por causa da intensa ansiedade que me percorria cada fibra de meu ser. 

Sempre em noites como essa eu sou tomado dessa inflamação das paixões e, com um sorriso no rosto, eu imagino tudo aquilo que seria um sonho perfeito para mim: uma aparência perfeita, com cabelo e pele sem nenhum defeito como os atores e modelos que sigo, alguém que goste de mim e que fique ao meu lado e eu finalmente conseguindo entender algo do mundo, por mais mínimo que seja, e conseguindo passar isso adiante. A imagem do homem belo é meu ideal a ser alcançado de algum modo, mesmo sabendo que ele não existe. 

Mas existe de certo modo, seja nas telas mostrando o bem distante em sua perfeição ou numa breve aparição, onde em alguns segundos a imagem se fixa na minha mente e permanece, bela e intacta, como um belo quadro pintado por um serafim que contempla a beleza divinal. Assim eu olho para eles, tão belos quanto os anjos do céu e tão inalcançáveis quanto eles também. É assim com uma lista imensa de nomes, como Hwang In-yeop, Song Kang, Park Bo Gum, Choi Byung-chan, Nunew, Fluke Natouch, Petch Chanapoom, Kao Noppakao, Ohm Thitiwat, Ohm Pawat, Bank Thanathip, Mark Twain, Peak Peemapol, Boom Krittapak, War Wanarat e Yin Anan e tantos outros...

E então é aí que eu volto o olhar para o céu e contemplo a imensidão azul salpicada de pequeninas bolinhas brilhantes, me dando conta da minha pequenez e de como isso é apenas um sonho vazio, sem nenhum fundamento na realidade e que eu, na verdade, sou apenas uma mentira, uma pessoa sem perspectiva nenhuma e que perdeu toda e qualquer esperança no futuro, apenas esperando que o mundo dê cabo da minha vida já que seria pecado fazer isso por minha conta. 

Posso então me voltar para algum rosto angelical que está do outro lado do mundo, a distância que há entre mim e a felicidade é ainda maior que a distância entre mim e qualquer um deles. De qualquer modo, sonhos mundanos são sempre vazios, a verdade é que tudo que eu queria era ver em mim acesa novamente a chama da esperança, queria poder olhar pela janela e ver algo além de uma imensa preguiça da minha própria existência...

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