sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Aforismos sobre nada

"Encontre significado. Distinguir a melancolia da tristeza. Sair para uma caminhada. Opte pela privacidade e solidão. Isso não o torna antissocial ou faz com que você rejeite o resto do mundo. Mas você precisa respirar. E você precisa ser."

Albert Camus

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Acordamos cedo, voltamos depois de escurecer, tão cansados que não conseguimos fazer mais nada antes de cair de sono e cansaço. E, se algum dia você parece não estar bem ainda reclamam que você não está sendo produtivo o suficiente. E a esse inferno querem que sejamos gratos.

Admito que hoje só gostaria de poder voltar para minha cama, ligar o ventilador para melhorar um pouco a sensação de abafamento extremo e dormir. Mas isso não será possível, e estou consciente o suficiente para saber também que isso não seria bom, afinal o ar daquela casa se tornou venenoso para mim, então tudo o que posso fazer é justamente esperar que o dia passe lentamente, ir para aquela reunião, e depois retornar para casa, cansado o suficiente para não pensar em mais nada antes de mergulhar lentamente na demência e adormecer. 

Meu café esfriou bem rápido. Talvez consiga ver um ou dois episódios antes de dormir. 

Não estou exatamente existindo nesses dias, apenas enrolo um pouco, espero as horas passarem e o meu corpo ficar cansado, do calor e dos longos trajetos pela cidade...

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Tive uma ciclagem mais branda nos últimos dias, nem percebi que estava ficando eufórico até perder o sono ontem a noite, e girar várias vezes sem conseguir desligar a cabeça, seja dos problemas do trabalho, de uma palestra que vou dar em algumas horas, de uma necessária faxina no meu quarto ou nos episódios de uma nova série. 

Sem grandes expectativas ou perspectivas, é uma longa ressaca na verdade, e meu corpo nem se recuperou ainda do golpe do fim de semana. Tenho olhado tudo ao meu redor com pessimismo e tédio. 

Quanto barulho esse silêncio que não cessa. As vozes continuam soando, soando, parece que estou no meio daqueles sinos gigantescos golpeados com violência, mas não escuto realmente o que me dizem, sorrio e aceno ocasionalmente, e claro que o percebem, mas eu também não me importo.

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Por quê?

Porquê. Ao mesmo tempo em que se pergunta obssesivamente por que não é amado, o sujeito apaixonado vive na crença de que, na verdade, o objeto amado o ama, mas não o diz.

Roland Barthes

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