quarta-feira, 20 de junho de 2018

Cascas e máscaras

Onde foi parar a minha disposição para viver o despertar de cada manhã? 
Onde se escondeu a minha vontade de ser alguém, de me tornar alguém? 

Não há em mim mais brilho para viver, não há vontade, não há esperança. 

Eu vejo as pessoas ao meu redor, tão repletas de vitalidade, e me pergunto onde estará a minha vida? Me sinto sem forças pra sair da cama, me sinto incapaz de falar com quem quer que seja. Não quero mais cantar, não desejo tampouco ouvir as vozes daqueles que amo. Apenas quero me entregar ao sono reconfortante da morte hipnótica, que aos poucos se apossa do meu ser, como uma névoa a cobrir as curvas mortais de uma estrada vicinal. 

O amor que havia em mim se foi, levado pelas torrentes de lágrimas que fluíram do meu coração. A alegria que a música me trazia se tornou opaca e inerte. Os meus amigos riem de mim pelas costas e questionam-se se é mais conveniente me deixarem ou me manterem por perto para que continue sendo útil a eles... 

Torno a dizer que me reduzi a uma casca vazia, que nem sequer possui uma máscara de vida e felicidade, mas que já exala o odor podre do cadáver que me tornei. 

Onde foi parar a minha disposição para viver o despertar de cada manhã? 
Onde se escondeu a minha vontade de ser alguém, de me tornar alguém? 

Não há em mim mais brilho para viver, não há vontade, não há esperança!

Nenhum comentário:

Postar um comentário