segunda-feira, 11 de junho de 2018

Sobre as formas de amar

Não vou mais dizer "Eu te amo", pois não importa quantas vezes eu diga, nem o quão sinceras sejam essas palavras que brotam do mais íntimo do meu coração, você não é capaz de entender o que quero dizer. 

Você entende que tenho consideração por você, entende que gosto de sua companhia, entende que me sinto bem com você, mas você não é capaz de entender que eu amo você. O que precisaria fazer para entender isso? Não há mais nada dentro de minhas possibilidades, só me resta sepultar esse amor enquanto tento viver ao seu lado sem sentir essa dor. 

Claro que matar o amor que tenho por você é me matar um pouco, mas preciso fazer isso para não morrer todo, e eu não quero morrer, quero um dia ainda experimentar o amor de verdade. Por favor, não me culpe por isso, mas se você não compreende meu amor, e continua buscando o que te dou em outros braços, não há porque insistir em te amar. 

Percebo agora, ao reler esses parágrafos, o quanto meu amor se tornou egoísta, indo de encontro com o oposto do que considero amor. Se tenho por amor um sentimento gratuito, que visa simplesmente o bem do outro, por qual razão eu espero então ser recompensado pelo meu amor por você? 

Não deveria esperar nada, mas apenas amar, com tudo o que tenho, e torcer pela sua felicidade. O egoísmo é que me faz desejar o seu amor de volta, o egoísmo me faz querer você só pra mim, o egoísmo me impede de ta fazer feliz de verdade, cultivando sua dor e seu sofrimento, para que sempre dependa de mim. 

Eu quero amar de verdade, mas ainda não sei o que é esse amor. É a reciprocidade que meu corpo deseja? Ou é o ideal metafísico de alguém que consegue amar sem pedir nada em troca, doando-se completamente ao outro? 

Não quero ser um animal movido apenas por desejos, mas tampouco desejo ser um vazio por doar tudo o que tinha para que você dê tudo o que lhe dei para outra pessoa. Estou perdido entre essas duas concepções de amor. 

Se por um lado o dar-se inteiramente sem cobrar nada em troca me pareça ser a forma certa de amar, a exemplo do Cristo na cruz, que se deu inteiramente por amor, por outro eu também acredito na fantasia que duas pessoas que se amem possam se fazer feliz mutuamente, caminhando lado a lado e superando juntas as dificuldades da vida. Mas eu não consigo amar sem pedir nada. Sempre espero um retorno, uma recompensa. Talvez não tenha a capacidade de amar dessa forma elevada, e seja apenas um animal condenado a amar pelos seus instintos e desejos. 

O que devo fazer? Me sinto andando num corda bamba, por cima dessas duas formas de amor, mas para onde cairei?

Uma terceira visão se mostra então a mim, numa estranha revelação de que, se cair da corda, o espaço abaixo de mim seria o mesmo, não importando se vou cair para a direita ou para a esquerda. Isso quer dizer, se abaixo de mim está o amor, as duas formas de amar são apenas divisões que fiz em minha cabeça. 

Talvez o amor seja então um estranho amálgama das duas coisas, do dar-se sem medidas e do desejar o outro sem medidas também. Contraditório? Muito! Mas quem disse que a vida é uma afirmação lógica que não se contradiz? Eu sou um grande suporte de contradições, que suporta a batalha feroz entre as formas de amar dentro do meu coração... Não vejo, por enquanto, nenhuma solução!

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