sexta-feira, 1 de junho de 2018

Tempo de...

Dias nublados são sempre um convite à reflexão. Bem, hoje não está exatamente nublado, pelo contrário, o sol impera gloriosamente lá fora, mas uma repentina crise alérgica e o cansaço extremo de uma mente conturbada e das atividades de Corpus Christi na Igreja me fazem ter essa impressão. Aliás, desde que cheguei de uma consulta, lá pela metade do dia, eu estou embaixo de um monte de cobertas, sob efeito de uma meia dúzia de remédios, torcendo pro charme da minha dopada candura seja suficiente pra não assustar os amigos que vem ensaiar a noite, e que eu ainda tenha alguma voz quando chegarem...

Pensava eu então, aproveitando a música baixinha que vinha do player, sobre os motivos de ainda estar só, e principalmente de estar bem assim. Acredito que tenha finalmente percebido meu completo despreparo emocional em embarcar num relacionamento. Dezenas de histórias inacabadas, feridas ainda abertas, novas paixões que a cada dia me assombram mais... Não há como me dedicar a alguém assim e querer ser correspondido. Não seria reciprocidade, seria apenas ilusão, e não quero iludir ninguém. 

Eu não sei lidar com a falta de sinceridade, e nem com a fala de sentimento, aliás tenho pavor de baixa frequência afetiva, então como poderia exigir algo que no momento sou incapaz de dar? Isso exige de mim um período de solidão voluntária, diferente daquela que me fora imposta tempos atrás pela própria vida. Agora eu sei que não sou capaz de fazer alguém feliz, e preciso me fazer feliz antes de tentar algo novamente.

Não sei como será quando conseguir fazê-lo, nem sei se conseguirei fazê-lo, mas o certo é que não posso adicionar mais um fracasso proposital a minha já enorme lista, nem posso me dar ao luxo egoísta de ferir os sentimentos de alguém. 

Isso me leva então a outro ponto de minha breve reflexão: os meus sentimentos feridos. As minhas dores ainda são constantes, e não me refiro as do corpo pois já me acostumei com elas.  Mas meu coração ainda alimenta muitas mágoas e enquanto não conseguir sufocá-las até a morte, serei eu sufocado até não mais conseguir me reerguer, esmagado pelo peso das minhas paixões...

O tempo é propício ao aprendizado, ao crescimento, ao amadurecimento. Só quando deixar de ser uma criança eu poderei então me relacionar com adultos, de outra forma não há como exigir da vida mais do que dores e decepções...! É tempo de compreender os muitos pensamentos que existem em mim e que insistem em me paralisar, como se fossem pesadas correntes amarradas aos meus pés e pescoço. É tempo de caminhar sozinho, de aprender a apreciar a minha própria companhia, de entender que a casa precisa ta arrumadinha pra só então receber alguém! E o tempo é esse!

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