terça-feira, 12 de junho de 2018

O Fantasma da Ópera

"No sono ele cantou para mim, 
em sonhos ele veio, 
aquela voz que me chama e diz o meu nome..."*

Você estava diferente, era um alguém distinto do você que conheço, mas ainda era você, de alguma forma, e aquela versão sua me fez crer que era possível. Me fez acreditar que era possível você me amar, como eu o amo. Que era possível você me desejar, como eu o desejo e, acima de tudo, que era possível pra você se tornar um só comigo. Partilhando sonhos, esperanças e desejos.

Você disse meu nome, disse que me amava, disse que me desejava, como eu poderia me negar a você, que estava ali, sendo carinhoso, sendo perfeito comigo, que sempre desejei você assim?

"Eu estou sonhando de novo? 
Agora eu descobri, que o Fantasma da Ópera está aqui, 
dentro da minha mente..."

Havia entre nós o desejo de desaparecer, de se tornar outro, e assim encontramos nos abraços e carícias as o conforto da metamorfose do amor. Aquela que faz o amante se tornar o amado, que não mais distingue os dois como sendo dois, mas que passam a ser um só, unidos carnal e espiritualmente.

"Cante mais uma vez comigo, o nosso estranho dueto. 
O meu poder sobre você, fica cada vez mais forte!"

Os gemidos de prazer são as declarações de que dávamos um ao outro, e a respiração pesada em meio a sorrisos e os lábios vermelhos eram a assinatura das cartas de amor que escrevemos com e em nossos corpos. O ar pesado, marcado com o perfume de nosso suor, era a prova do nosso amor, testemunhado pelo tempo. A imagem de você contorcendo-se de prazer em meus braços, e do seu corpo implorando pela minha presença se gravaram nas paredes da história de meu coração em marcas profundas...

"E embora você tenha me visto de relance às suas costas,
o Fantasma da Ópera está aqui, dentro da sua mente... "

Ao acordar não pude conter as lágrimas, e em meio ao gemidos de prazer e dor que aquele sonho me deu eu me senti esbofeteado pela verdade, que me mostrou que aquilo nunca passaria de um sonho, e que jamais você se daria a mim daquela maneira, entre gemidos, suor e chuva, e que meu coração seria condenado a sonhar, e a continuar sonhando, se quisesse sentir novamente a sua presença em meu corpo.

"O Seu Espírito, o Meu Espírito
A sua voz, e a minha voz
combinadas numa só..."

O dia se iniciou com a constatação de que o seu desejo por mim não passou de um sonho, algo próximo ao efeito colateral bizarro de uma anestesia mal aplicada ou a um benzodiazepínico que não bateu muito bem, mas que nunca passaria de um distúrbio de minha mente, que nunca será uma experiência real...

~

*Trechos da tradução de "The Phantom Of The Opera" de Andrew L. Webber. 

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