Eu olho para ele indo embora agora, e não me levanto para
correr atrás e impedir que se vá, antes disso, eu apenas observo, sem reação.
Não vou chorar, não vou chamar por seu nome, não vou gritar. Eu não vou me
mover daqui a menos que seja para percorrer meu próprio caminho.
Que vá embora, que vá com os diabos para o inferno! A
distância que tanto amaldiçoei é agora a que me consola, estando longe não pode
me fazer nenhum mal. Estando longe eu posso ver o que antes não podia por estar
cego, por estar preso.
Você já tomou meu coração para si, o quebrou, reduziu meus
sonhos a pó e os lançou aos quatro ventos. Você me despedaçou em tantos
pequenos pedaços que não sou mais do que um pedaço de homem agora. E você
sorriu. Sorriu da minha dor, sorriu do meu sangue derramado, sorriu do meu ser
desnudado diante de ti. Você me incendiou, me transformou em cinzas, me soprou
para longe, e depois se virou como nada ali existisse.
Portanto que se vá, que se vá sem se despedir, que se vá sem
pestanejar, eu só peço que deixe o que restou de mim aqui, para que de alguma
forma eu possa me reconstruir. Abandone-me, e me deixe só, como tantas vezes o
fez, mas agora não volte para me humilhar mais uma vez. Que vá como se eu não
existisse porque sei que para você eu nunca existi de verdade. Vá para nunca
mais voltar!
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