segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Tumbling down

Acredito que possa dizer que eu sou a prova viva, ma non troppo, do quanto uma pessoa pode ser prejudicial a outra, mesmo sem querer. Estou nesse momento deitado, depois de dormir quase 12 horas seguidas, ainda cansado do fim de semana que, excluindo minha batalha pessoal foi corrido como tantos outros. 

O que me deixa cansado não é a correria que todo fim de semana sou obrigado a suportar, não, a essa já estou acostumado. O que me cansa é o estresse que a presença dele me causa, o que me cansa é o fluxo ininterrupto de sentimentos poderosos que tenho quando estou perto dele, ou quando sei que terei de vê-lo. 

Deitei ontem a tarde, e em poucos instantes meu corpo se entregou ao cansaço que já vinha se anunciando por tantos sinais. A voz gasta, os olhos fundos, os reflexos atrasados. Tudo indicava que a fadiga já estava cobrando de mim uma certa taxa de vida. E mesmo deitando não consegui descansar completamente. Senti como se uma grande bola de ferro fosse retirada das minhas costas. Quando me deitei, era como se tivesse me tornado uma massa, disforme, sem membros ou ossos. Apenas estava ali, a espera de sabe-se lá o quê. A impressão que tinha era de que havia perdido os contornos da minha existência, e assim estava me transformando em outra coisa.

Até mesmo agora, sinto meu corpo pesado, e dores por todo lado. A ansiedade é uma vilã cruel, que sem nenhuma misericórdia faz com que eu sinta que estou deixando de existir. Ela faz com que eu não reconheça o que vejo no espelho, ela faz com que eu já não saiba mais quem sou, perdido em meio a dor. 

Isso me coloca num estado obsoleto, de uma inutilidade generalizada, onde sou completamente incapaz de fazer qualquer coisa. Não consigo comer, nem estudar e nem sequer conversar direito. Que poder é esse, que me reduz ao pó, que me faz pensar que sou um nada? O que é isso que ele faz comigo, que me destrói com mais força do que tentam meus próprios inimigos? 

Não consigo dar forma a esse texto, não consigo sequer reconhecer minha própria forma. Não consigo fazer mais do que continuar existindo. E então retorno ao início, onde disse ser eu a prova viva do quanto alguém pode ser prejudicial a outra. Quando me perguntam como estou, respondo sinceramente que estou vivo, e isso é o máximo que posso dizer de mim mesmo. 

Continuo existindo, e nada mais. 

E tudo retorna ao nada, e tudo vai desmoronando, desmoronando, desmoronando...

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