segunda-feira, 15 de julho de 2019

Sem lágrimas

Eu não consigo mais chorar. Eu sinto a dor mas as lágrimas não vem. E isso tem sido tudo o que venho sentindo nos últimos dias. 

Dor.

Uma dor incansável, que nunca cessa, nunca diminui. Uma dor que reverbera por todo meu corpo, desde a ponta de meus dedos até o tutano de meus ossos. Uma dor que se acende a cada sorriso, a cada segredo, a cada olhar frio. Uma dor que me consome em cada existência que se confronta com a minha. Uma dor que me faz repetir as mesmas palavras sempre, uma dor que me faz desejar desesperadamente pelo fim da minha existência. Uma dor que me mantém preso no ciclo vicioso de minhas queixas, num mundo feito dos recessos de meus pensamentos. Uma dor que me obriga lutar constantemente, a cada minuto do dia, para manter o resto de sanidade que ainda me sobrou. 

"A morte pode ser a única liberdade absoluta."
(Kaworu Nagisa)

O desespero me leva ao cúmulo da covardia. Essa covardia me faz desejar a morte. A dor me aprisiona e me faz clamar lenta e silenciosamente no íntimo do meu ser pelo fim. 

Essa covardia  me faz regredir, me esconder, me encolher tanto dentro de mim mesmo que me torno não mais do que uma concha. Ela me leva ao recanto mais escuro e sombrio da mente humana, onde há apenas uma mescla nojenta de medo e ódio, cintilando em cinquenta tons distintos de raiva, inveja, melancolia, horror e negação. 

Mas não adianta mais sentir. Não adianta mais falar. Não consigo mais chorar, mesmo sentindo tanta dor com tanta intensidade. Só me resta então fechar-me dentro de mim, lutar contra o demônio que constantemente pede pela minha própria vida, sibilando em meus ouvidos que a liberdade que desejo está na morte, anunciando, como um arauto, o fim que deve vir pelas minhas próprias mãos. 

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