quarta-feira, 31 de julho de 2019

Sobre estar bem


"Tudo bem não estar bem às vezes."

Acabei de ouvir isso, e chorei, chorei compulsivamente como se essa fosse a maior verdade da existência humana. Chorei porque, de certa forma, a carga emocional que despertou em mim foi semelhante a de um raio que, cortando o céu atinge com força o chão, incendiando tudo ao seu redor. Meu coração ressequido foi incendiado, e então queimei em lágrimas porque esse sou eu.

Sou eu quem tem lutado para estar bem, a cada minuto do dia, tentando abafar as vozes da minha cabeça que constantemente sussurram e até mesmo gritam-me coisas horríveis. Sou eu quem tem lutado para estar bem mesmo estando péssimo. E sou eu quem acha que se tornou um peso para os outros, sou eu quem acha que se tornou dispensável, oscilando entre momentos de lucidez e insanidade quase absolutos três vezes ao dia. Sou eu quem tem lutado contra demônios e fantasmas, tudo isso para conseguir sair na rua sem pensar que cada pessoa tem motivos para me odiar e que cada amigo tem razões para tramar a minha morte. Sou eu quem tem sofrido os golpes pesados do destino como marteladas em minhas costelas, arrebentando com o mínimo que há de bom senso em mim, escoado pelos buracos das paranoias que tecem o véu de minha pequena mente distorcida. 

Venho tentando de tudo. Busquei me distrair com novas músicas, maratonas de filmes, me arrisquei nas bebidas, me entreguei a compulsão pelas compras gastando o que não tenho... Mas nada adiantou. Isso porque não é um sentimento ruim que há em mim. Eu estou doente e preciso lutar contra isso que consome minha mente e meu coração a cada dia, isso que me deixa na fronteira da loucura a todo momento. 

E estou lutando, e continuarei lutando, até onde aguentarem as minhas já esquálidas forças. Não sei onde isso me levará, mas tudo bem, tudo bem não estar bem às vezes! 

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