sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

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Irônico, perceber o quão vagos são os esforços que empreendo para me sentir melhor comigo mesmo, sem nunca conseguir algum resultado. 

Hoje eu resolvi vencer um pouco da minha preguiça habitual. Mas será que é mesmo preguiça não ter força para cuidar de si porque sabe que nada vai conseguir? Enfim, acabei a tarde com uma maquiagem mais ousada do que as que estou acostumado a usar. Tinha tudo para me sentir bem comigo mesmo, depois de ver o resultado, depois de fazer o que eu queria. Mas foi justo o contrário. 

Fiquei ali, me observando naquelas fotos e tudo o que consegui fazer foi chorar. Chorar por ter feito tamanho esforço e ainda assim não ter gostado do que fiz. Culpei minha falta de técnica, minha impaciência, culpei meu rosto que, mesmo com uma camada generosa de maquiagem e porções fartas de cuidados faciais continua feio. Me cobrei naquele momento. E se fizesse melhor na próxima vez? E se me cuidasse mais? 

Mas a verdade é que o problema não está só no exterior. O problema não está só no meu rosto peludo ou nos poros dilatados. O problema está naquela parte de mim que não consegue enxergar absolutamente nada de bom em quem sou. O problema está neste que não consegue ser bom em nada que faz. Não consegue ser um bom maquiador, um bom professor, um bom estudioso, nada! 

Os elogios que recebi? Fizeram apenas buracos na água, não ecoando no meu coração. Logo se calaram perante as muitas vozes que repetem o quão patético eu sou, não me deixando esquecer, por um segundo sequer, que estou muito atrás de qualquer um que seja. 

E é com esse pessimismo que eu olho para todos os campos de minha vida e tudo que enxergo é fracasso. Minha vida, minha história, nada mais é do que uma sucessão de erros e abortos. Não há mais do que uma incomensurável incapacidade de realizar qualquer coisa além do patético. Por isso eu não conquistei nada, por isso tantos fracassos. Por isso tão insuficiente para todos, decepcionando meus pais, meus amigos que se foram, o homem que eu amo... Todos sem exceção! E é isso, minha sina é esta, lamentar e chafurdar na lama, em meio aos restos da lixeira da miséria humana. 

Até mesmo isso é patético. 
Indigno até mesmo de pena. 

Merecedor apenas do fim, 
do esquecimento, 
do nada!

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