segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Sufocante

As pessoas que conheci foram tão passageiras quanto as gotas de água que se quebram na janela. Não quero outra companhia senão que a dessas gotas. Ao menos elas se vão sem levar consigo um pouco de mim.

Tudo o que posso fazer agora é sentar e esperar a chuva passar. Ouvir o som alto dos trovões e as luzes dos relâmpagos. A torrente violenta se chocando contra a janela. É, isso é bom... Seria ainda melhor se essa água toda levasse para longe tudo que me angustia...

E afinal, o que me angustia? 

A absoluta falta de perspectiva de futuro num lugar como esse. Esse ambiente me causa repugnância. Pessoas de mente pequena, mente fechada. Pessoas sem nenhuma visão estética, todas pobres de espírito. Isso me oprime e a todo lugar que eu vou sinto vontade de gritar e esbofetear as pessoas por não perceberem o quão fechadas em si mesmas estão. 

Eu quero um céu maior, quero olhar para belas paisagens e belas pessoas, coisa que não posso fazer aqui. Tudo aqui pesa, cheira mal e me empurra para dentro de uma caixa de sapatos. É sufocante em todos os aspectos. É como se nada crescesse, e até as plantas parecem compartilhar do mesmo destino. Nada prospera, senão que tudo padece to mesmo problema irremediável: a completa pequenez da existência.

Mas a chuva passou, e o sol surgiu de novo na manhã do dia seguinte. Isso me faz pensar, e querer, cada vez mais num recomeço, meu novo amanhecer. Que seja um amanhecer distante, tão longe que só seja possível ver depois do horizonte. Preciso de um novo mundo, uma nova vida, longe de tudo e de todos. Acho que isso aqui, esse lugar, essa vida, já deu o que tinha de dar. 

Encaro como um ciclo que já acabou, algo que só precisa agora ser enterrado para vida há algo novo. Essa fase terminou. 

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