sexta-feira, 5 de março de 2021

Futuro incerto

A situação é absolutamente calamitosa. De um lado vemos uma população despreocupada com a situação da saúde pública no país e, de outro, uma sensação geral de medo e apreensão crescente, para não falar do desespero declarado. 

As pessoas têm uma capacidade muito limitada de suportaram as adversidades, com o tempo a normalidade toma conta da percepção e o senso das proporções fica prejudicado. Nos acostumamos com os altos números de mortes, tornou-se normal ouvir dizer que fulano morreu por causa do vírus. Até na igreja as pessoas se preocupam com a quantidade de pessoas na assembléia. 

Por outro lado, aqueles mais sensíveis voltam a fazer com que o medo paire pelo ar. Aqui em casa, os sintomas fortes de uma gripe em minha mãe nos deixou em estado de alerta. Ela foi acometida pelo compreensível medo, já fala coisas sobre o que fazer após a sua morte, um sinal claro de desespero junto com uma morbidade já compreendida. 

É uma situação amarga, o desconforto é tão grande que o normal é colocado à força por medo, as aglomerações se multiplicam e é nítido que o desespero vem piorando ainda mais a autoimpregnação de que está tudo bem, mesmo quando as coisas ficam cada vez piores. 

E as previsões são ainda piores. A vacinação tem sido pífia, aqui na cidade o prefeito comemora a aplicação de pouco mais de 2.500 doses num município com 200 mil habitantes. É, no mínimo, lamentável. As notícias tentam fomentar a conscientização mas acabam piorando tudo, as brigas políticas custam vidas e mais vidas. O nosso futuro é incerto, claro, como sempre o foi, mas parece ser ainda mais cinza do que esperávamos... 

O que podemos fazer? Depois de um ano ninguém aguenta mais falar sobre ficar em casa, ninguém suporta mais reunião online e lives toda hora. Depois de um ano ninguém sabe mais o que fazer, o novo normal tornou-se andar brincando face a face com a morte, não que antes já não fosse assim, mas a situação hoje é bem pior, com um vírus letal somado a todas as outras adversidades que já enfrentávamos... 

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