domingo, 14 de março de 2021

Resenha - You Never Eat Alone

A nova produção da COPY A BANGKOK chamou a minha atenção ao apresentar um cast cheio de nomes conhecidos e uma proposta bem interessante: uma comédia culinária, ou quase isso. A série não conseguiu muitos espectadores por aqui, pelo menos eu não vi muita gente comentando e nem os atores, que eu já sigo há um bom tempo, eu vi divulgando muito. Não sei explicar a razão disso afinal eu gostei bastante por vários motivos. 

You Never Eat Alone conta a história de Diew, um garoto que tem uma característica muito peculiar: ele não consegue comer sozinho. Após descobrir que seus pais vão viajar por alguns meses ele se muda para um daqueles dormitórios perto da sua universidade, na esperança de fazer amigos e assim conseguir companhia para as refeições, e é aí que ele conhece uma porção de gente, especialmente Mix, Porsche e Mueang, que são os que mais aparecem, mas quase todo episódio tem uma aparição especial, num grande fanservice, em muitos momentos engraçados e fofos. 

Diew (Peak Peemapol, de Make It Right e Hook) é um menino delicado, curioso e que adora cozinhar, herança de uma antiga tradição de família que considera as refeições como momentos especiais que devemos partilhar com pessoas que nós amamos. Ele aprendeu com a avó então que as pessoas sempre devem comer juntas e, depois do falecimento dela, ele não conseguiu mais comer sozinho. Seu caso acaba ficando ainda mais sério, pois isso não é só uma expressão, ele realmente fica sem comer até o ponto de ser internado por não conseguir comer nada sozinho. Para tentar então resolver isso ele sempre vai atrás de novas pessoas para comer. 

Quem sempre come com ele é Mix (Zee Pruk, de WhyRU), um rapaz com uma veia artística aflorada, que costuma sentar de frente para belas paisagens para desenhar. Ele e Diew se conhecem depois de algumas coincidências, e depois descobrem que são vizinhos, e os dois tem em comum a característica de não conseguirem comer sozinhos, embora fique claro que seu caso não é como o de Diew, já que ele consegue se se esforçar um pouco. 

Mueang e Porsche também moram no mesmo dormitório de Diew e Mix, e comem muitas vezes com os amigos também. Eles são engraçados, mesmo diferentes continuam juntos e se preocupam muito com Diew, além de sempre aproveitarem as deliciosas refeições que o amigo faz. 

O que mais me chamou atenção foi justamente a superação do trauma de Diew. Depois de alguns episódios eu comecei a traçar um paralelo com o Transtorno de Personalidade Borderline, que nele se manifesta como uma monofobia, um medo mórbido da solidão. Acontece que, nesse transtorno, a pessoa tem uma sensibilidade afetiva tão grande que seus relacionamentos e comportamentos se tornam todos extremamente instáveis, o que causa muitos prejuízos a todos aspectos da vida da pessoa. Geralmente o Borderline possui instabilidade emocional, uma recorrente sensação de inutilidade, insegurança e muita impulsividade. 

Diew se sente uma pessoa incompleta por não conseguir fazer algo tão simples quanto comer sozinho. Ele se culpa e se entristece muito por isso. Ele chega a tomar atitudes como vigiar um garoto nos arredores de um templo só para descobrir se ele tinha com quem comer, ou então pedir comida e pagar a mais para o entregador apenas para não ficar sozinho. Muitas vezes isso é seguido por crises existenciais, em que ele termina uma refeição já pensando na próxima e se culpando por não ter conseguido comer só. Isso dá uma profundidade a mais pra série, mas sem esquecer que é uma comédia quase pastelão, eu mesmo só percebi isso depois de refletir um pouco e me deparar com um vídeo sobre o assunto, que é um dos meus interesses já que eu também tenho um transtorno de personalidade. 

Nas aventuras do nosso protagonista nós temos a presença de muitos convidados especiais. Temos, de modo quase recorrente, Muse (Leo Peerapun, de Friend Forever) que é primo de Mix, um rapaz grande mas muito mimado e que precisa dos cuidados do mais velho. Também tem Dang (Tai Thanaphat, Friend Forever), priminho de Diew, muito elétrico e uma coisinha fofinha, mas que vive as implicâncias com Muse.


Dos outros convidados temos Boom Krittapak, que foi par de Peak em Make It Right, num episódio bastante nostálgico. Foi muito bom ver os dois juntos depois de tanto tempo e ver que ainda tem bastante química. Também tivemos Jimmy e Tommy e MaxNat de WhyRU, Boun e Prem, de Until We Meet Again e Title, de Love By Chance. Isso deu uma dinâmica muito legal pra série. Cada personagem tem uma paleta de cores diferente, o que deixa tudo mais bonito e, junto com os muitos pratos que todo episódio aparecem, tornam a experiência bem interessante. Aliás, a fotografia da série é linda, além de que todos, mas especialmente Peak e Zee estão simplesmente lindos nessa série, e todo episódio tem muitas razões pra gente suspirar pelos dois.

Infelizmente a história não evolui muito e, com exceção de dois ou três episódios é sempre a mesma coisa, Diew surtando, procurando alguém pra comer e, eventualmente, se sentindo mais próximo de Mix. A gente até chega a acreditar que o lance entre os dois vai evoluir mas não, nem se iluda, tudo fica só na sugestão, mesmo que tenha ficado bem óbvio que os dois se gostam. Poderiam ter explorado um pouco mais a superação do trauma do protagonista, e não só estagnado na problemática, bem como no relacionamento dos dois. Okay, talvez não quisessem tornar um BL, mas se não fosse assim não haveriam tantas cenas com trocas de olhares e gestos sugestivos entre eles. Não fosse isso a série teria conseguido combinar bem a comédia com um drama real na medida certa e uma pitada de romance. 

Nota: 07/10

4 comentários:

  1. Obrigada pela resenha, estava tentando saber mais para ver se valia a pena começar.

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  2. Melhor que essa série é você, Gabriel. Não tenho a menor dúvida disso. Tua escrita é muito boa.
    Estou assistindo a série, começando o quinto capítulo. Já desisti e retornei duas vezes e nem sei se vou continuar. Não tenho problemas com spoilers, então gostei de saber no que vai dar porque, se decidir continuar, não vou estar nutrindo falsas expectativas. Obrigado pela resenha.
    Se não te incomodar, vou te seguir.

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    1. Muito obrigado, fico muito feliz quando vejo que consigo partilhar com alguém as impressões que tenho com essas séries. Pelo menos pra mim ela foi gostosinha de assistir, mesmo um pouco decepcionado com o final, vale a pena pelos muitos momentos fofo. Obrigado por me seguir <3

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