quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Dai-nos a bênção, ó Mae Querida!

Apenas um incômodo nesse feriado de Nossa Senhora Aparecida, covardemente sequestrado pelo Estado como Dia das Crianças e, o pior de tudo, com os afagos da Igreja que acha que realmente alguém se preocupa com as crianças e não em simplesmente substituir uma data devocional por um dia regado a consumismo e psicologia barata e brega nos discursos que dizem que as crianças são o futuro da nação ou qualquer coisa do tipo. Meu estômago embrulha só de imaginar os padres dizendo isso na Missa e reduzindo os séculos de devoção a Imaculada Conceição Aparecida a uma dimensão temporal de que a intercessão da Virgem Maria, e seu consequente caminho a Nosso Senhor, se resume a devolver a alegria do vinho para a festa, quando a realidade ali apresentada é maior do que isso, se trata de uma alegria eterna, obtida por meio do imperativo "fazei tudo aquilo que Ele vos disser!" (Jo 2, 5). Das músicas marianas escolhidas aleatoriamente eu nem vou comentar.

Maria tem um tesouro de graças a serem distribuídas a nós, e ela pede apensar a sinceridade ao acertar. É reconhecer-se pecador e, aos pés dela apresentar esses pecados, que Ela leve-os a Deus, que nos perdoa. Como é triste uma religião que não tem Maria como Mãe e Mestra. 

Pois bem, estava em dúvida se aproveitava o resto do dia para maratonar alguma série, ver um filme ou dormir, talvez duas dessas opções, mas ao ver o movimento em casa do pessoal querendo beber e fazer bagunça e dos parentes que parecem que logo vão vir aqui eu preferi ficar quietinho no meu quarto mesmo. Num dia de clima ameno eu vou dormir e tentar não pensar muito em algumas preocupações que aparecem no horizonte. Na verdade, olhando ao redor do meu quarto que vem merecendo uma limpeza, com muitos fios de cabelo e migalhas de pão no chão, eu percebi que estou realmente fazendo apenas o mínimo que, no caso, é o máximo que eu consigo atualmente. Vou trabalhar, estudo e assisto. Aos fins de semana eu aparo a barba e faço as unhas, e talvez faça algo mais pra me cuidar, mas o fato é que não tem sobrado muito mais tempo ou disposição pra mim além disso. 

Certo, as coisas são assim, e hoje eu vou me retirar um pouco, ficar quietinho na minha. Talvez mais tarde eu converse com a minha mãe sobre o que vem incomodando ela, se não puder fazer nada pelo menos posso ouvir, quem sabe? Eu sei que ela se sente presa nessa casa, um pouco distante das minhas primas que ela gosta de visitar, e a casa também é apertada pros padrões dela, e admito que é certa media também é para mim, mas não pelo tamanho e sim pela quantidade de pessoas nela. Minha irmã e a namorada que não trabalham e nem estudam e além disso fazem bagunça e criam problemas acabam por incomodar mais do que a falta de espaço, não fosse por elas teríamos mais espaço e certamente mais tranquilidade, mas é claro que ninguém diz isso em voz alta, embora todos pensem o mesmo. Muito embora eu não tivesse planos de morar só eu vejo que talvez essa seja a única saída pra que eu consiga um pouco de paz. De todo modo é urgente ter paciência, dizia Goethe e, pasmem com o que um niilista vai dizer: é preciso ver as coisas boas também. Um valor não tão alto, boa localização e, uma verdade inconveniente: se nos dedicássemos a arrumas as coisas com mais simplicidade e beleza, se buscássemos a harmonia e a beleza, quase tudo já se encaminharia. 

Enfim, apenas falar indefinidamente sobre problemas é sinal de falta de prioridades naquilo que se pensa. Mas eu não sou capaz de tratar disso detidamente agora, apenas dizer que os problemas se resolvem com uma mudança de paradigmas (não sei se é o termo correto aqui), como por exemplo: eu estava desempregado e depressivo, com a mudança, que não dependeu exatamente de mim, eu consegui trabalhar e dar um passo a mais rumo a superação da depressão. Não foi pensando que eu resolvi, tampouco agindo, já que minha participação nisso tudo foi ínfima. Tudo o que eu fiz foi me abrir, sem pensar no que podia acontecer, e deixar que a realidade me guiasse. 

Por isso não tenho pensando muito no que preciso fazer. Estudo, estou constantemente meditando o que conheço e isso vai assentando no meu ser, me ajudando a subir um pouco mais e vislumbrar realidades novas e cada vez mais divinas. O verdadeiro estudo humilde, seja da ciência mais física ou teórica tem a capacidade aponta para a verdade e nos permite entender melhor essa que se estende sobre todos nós. 

Me lembro das preces que fiz nos dias que vim para cá, a maioria dedicadas a São José mas que se encaixam perfeitamente as preces marianas também: 

"Roga por nós, ó Mãe tão pia!
Eis-nos aqui para te louvar.
Piedosa virgem, ó Maria,
para te pedir e suplicar.

Infeliz quem não te conhece.
Padece só sem consolo e demais.
Mas teu amor por nós não desfalece,
não nos deixará jamais."

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