sábado, 15 de outubro de 2022

Impressões

Na série The Eclipse somos apresentados a Ayan (Khaotung Thanawat) que se mostra um garoto com uma visão revolucionária da realidade, defendendo direitos e mudanças de perspectivas e, claro, fazendo inimigos por causa disso. Ele acaba entrando em conflito com Akk (First Kanaphan) que tenta defender a ortodoxia da sua escola a todo custo, mesmo que não concorde com tudo que é obrigado a fazer. Mesmo que se mostre forte, irônico e disposto a tudo para enfrentar o injusto sistema da escola que destruiu seu tio e o levou ao suicídio ele, na verdade, esconde uma personalidade fragilizada pela depressão. Em alguns momentos de vulnerabilidade ele mostra isso na frente de Akk, quando chora ao se lembrar do tio e de como tem sido difícil descobrir o que aconteceu com ele. O garoto forte chorou em mais de uma ocasião e se apoiou no amigo, que surgiu de modo inesperado, já que eles tinham tudo para serem apenas rivais, mas foram se aproximando mais e mais e, agora, encontraram num no outro o conforto. Ayan pode agora começar a se recuperar dessa depressão porque não está mais sozinho, ele tem Akk ao seu lado, segurando sua mão no momento onde tudo parece escuro e difícil. 

É algo belo de se ver porque a forma como Ayan se obriga a ser forte para honrar a memória do tio é preocupante, então ver que ele agora tem alguém ao seu lado e que pode ajudá-lo é reconfortante. Ele e Akk (que também tem suas questões) merecem ser felizes juntos. 

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Estava incomodado com meu cabelo o dia todo, já fazem alguns dias na verdade. Queria alisar, estava achando disforme. Nem completamente liso e nem cacheado, a raiz fina e as pontas ressecadas, e isso vinha me incomodando porque eu não conseguia deixar sob controle. A minha intenção era deixar meu cabelo como do jeff Satur (que ousadia!) mas ele não colaborava, e convenhamos que ter um cabelo daqueles é coisa pra uns poucos escolhidos, dentre os quais eu com certeza não me conto. Mas aí uma foto do Woosung no último lançando da banda The Rose me fez mudar de ideia: eu vi um cabelo propositalmente deixado livre, não muito diferente de como o meu fica em alguns dias, e o que mais me surpreendeu é que estava simplesmente lindo. E então eu senti um clique dentro de mim, quando percebi que, se parasse de me preocupar podia achar o meu tão bonito assim também e, se não achar, pelo menor tenho a tranquilidade de não precisar me preocupar o tempo todo. Realmente ter sentido isso foi libertador. Claro, eu ainda preciso me acostumar e ter isso em mente, me lembrar de olhar aquela foto sempre que me sentir inferior e não desistir na primeira vez. Eu já percebi que não vou conseguir esquecer minha imagem tão facilmente então ao menos preciso tentar dar o mínimo de atenção a ela pra não me distrair do meu sentido de dever. 

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Eu sempre sorrio com ironia quando percebo que fui feito de idiota, o que acontece com uma certa frequência. É como se eu dissesse pra mim mesmo: eu avisei! E assim eu constatei que ele na verdade estava se aproximando de mim para se aproximar da minha irmã, e eu já sabia disso, e não é como se eu não soubesse, e claro que eu só pensei nele no momento de uma emergência noturna ou outra mas, ainda assim, eu olhei pra eles saindo do mesmo carro e sorri, dizendo baixinho pra mim mesmo: eu avisei

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Durante a viagem de volta para casa ao sair do trabalho eu geralmente leio um pouco ou, quando não é possível, venho meditando sobre algo importante. Num dos últimos, enquanto percebia o quanto havia escurecido entre minha saída da galeria até o lugar onde o ônibus passava, perto do bairro em que moro, eu me dei conta de algo ao olhar as nuvens no céu escuro: a distância que estou da minha vida antiga. Não se passaram nem dois meses e eu estou andando todos os dias atravessando uma cidade na qual nunca tinha pisado, estou trabalhando com pessoas que não conhecia num lugar que nunca tinha ouvido falar. Não me detendo no nível imediato dessa constatação o que me chamou foi o quanto é importante a abertura da inteligência para a realidade que transcende imensuravelmente o meu ser mas que, no entanto, não é maior que a minha alma imortal. Isso faz com que eu perceba as coisas com outra perspectiva, afinal uma única alma imortal dura mais que toda a humanidade junta, e tudo que eu vejo ao meu redor não foi nem mesmo criado por essa humanidade, mas apenas transformado por ela. Ainda assim essa abertura me permitiu ver e conhecer coisas que eu não conhecia, o que é um símbolo para todo o conhecimento que ainda aguarda o abrir do meu espírito para me insuflar. 

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