sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Resenha - The Eclipse

Muitas vezes é preciso ver a escuridão para dar valor a luz. The Eclipse foi uma série que desde o anúncio chamou atenção do pessoal por trazer uma carga dramática maior que alguns dos projetos mais famosos da GMM TV, com dois atores que já são nossos conhecidos mas que, trabalhando juntos, trouxeram uma perspectiva nova e sensacional. 

Akk (First Kanaphan, de Not Me e The Shipper) é o líder dos monitores do Colégio Suppalo, uma instituição de elite com rígidos padrões de comportamento. A vida dele muda completamente quando, ao assumir o cargo, alguns alunos começam a protestar contra as políticas opressivas da escola e com a chegada de Ayan (Khaotung Thanawat, de TonhonChonlatee), um jovem que deliberadamente se coloca contra as regras da escola além de desafiar até mesmo os professores durante as aulas, além de parecer esconder um segredo, já que vive procurando informações sobre um antigo professor do lugar. 

Claro que a primeira reação de ambos é o ódio. Eles brigam todas as vezes que se encontram, e Ayan ameaça Akk dizendo que se o monitor bater nele, ele vai beijá-lo. Ne tentativa de evitar que o novo aluno traga mais problemas ao grupo de monitores Akk passa a vigiar ele de perto, o que eventualmente os aproxima a medida que ele vai entendendo que o outro tem razões importantes para seu comportamento. Além disso há uma lenda que circula a escola, que surgiu desde um eclipse anos atrás, e que desde então os alunos que iam contra as regras do lugar eram punidos de forma sobrenatural. Os alunos que protestam logo são pegos pela tal maldição, deixando a escola e principalmente os monitores em estado de alerta. 

Depois desse início conflituoso pouco a pouco os dois vão abaixando a guarda e se abrindo. Ayan é implicante e debochado, o que irrita Akk o tempo todo, mas ao mesmo tempo ele começa a enxergar sentido nas coisas que o outro diz e passa a questionar também a sua lealdade cega a escola e ao Professor Chadok, chefe da coordenação disciplinar. 

Também temos como casal secundário Kan e Thua (Neo Trai e Louis Thanawin, ambos de Fish Upon The Sky). O primeiro sendo um dos melhores amigos de Akk e membro do grupo dos monitores e o outro o eficiente e tímido presidente da turma. Embora de personalidades distintas eles se aproximam por razões acadêmicas enquanto Kan começa a sentir algo em relação ao outro que passa por dificuldades para se expressar. As dúvidas, no entanto, parecem dar lugar a um sentimento que vai crescendo entre eles. 

Em matéria de atuação essa série é sensacional, e os protagonistas possuem diversas camadas que são exploradas muito bem. Akk sofre uma pressão tremenda por ser de família pobre e precisar ser o melhor possível para conseguir uma bolsa de honra na faculdade, enquanto Ayan tem um quadro de depressão e ansiedade, o que torna a sua busca para entender o que aconteceu com seu tio ainda mais dolorosa naquela escola. Eles vão então encontrando um no outro um lugar onde podem se abrir e serem vulneráveis, enquanto ostentam na escola uma imagem de perfeição acadêmica e de oposição a opressão. As cenas mais lindas são, de longe, aquelas em que eles choram um na frente do outro, num abraço desajeitado, pelo peso do fardo que precisam carregar. 

First e Khao ostentam carisma e química dentro e fora da série, foram muitas as entrevistas em que eles choraram ao dizer o quanto se dedicaram e o quanto se envolveram com os personagens e como isso os aproximou ainda mais. Tudo isso é visivelmente percebido nas interações dele na tela, seja com os olhinhos de jabuticaba mais lindos do mundo do First ou o sorriso doce e contagiante do Khao. 

Temos então uma série que aborda as injustiças, saúde mental, opressão e revolta, companheirismo e confiança, até a descoberta e aceitação da sexualidade. First e Khaotung deram um show tanto nas cenas dramáticas, com direito a muitas lágrimas e uma expressão corporal poderosa, até as cenas mais cômicas, onde um implica com o outro o tempo todo. Neo e Louis também deixaram de ser apenas o alívio cômico que foram em Fish Upon The Sky e mostraram maturidade e força na atuação também, fazendo os fãs pedirem que eles ganhem uma série só para eles agora.  

No primeiro teaser, aquele feito antes do início das gravações oficiais, a série apresentou uma fotografia bem diferente, mais escura e bem séria, quase sufocante, e eu acho que se tivessem continuado nessa linha teria sido melhor, não que a atual, mais viva e colorida, não seja boa, apenas teria combinado mais com a carga dramática que os personagens trazem. Mas não chega a ser um problema, de todo modo Khao e First estão incrivelmente lindos e apaixonantes em todos os episódios. A trilha sonora se destaca pela faixa Over The Moon que o Khaotung canta, simplesmente maravilhosa. 

Enfim, com uma história de personagens cativantes que transformam o clichê do romance colegial numa jornada de lutas pela liberdade e a justiça The Eclipse é uma continuação sutil e gentil de Not Me, abordando pautas importantes numa combinação de força e delicadeza. 

Nota: 10/10

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