terça-feira, 25 de outubro de 2022

Resenha - Oh! My Sunshine Night


Como é belo ver a construção de uma relação de confiança que vai, pouco a pouco, se fortalecendo. Oh! My Sunshine Night é mais um trabalho do famoso ship OhmFluke que já estão juntos há mais de três anos como parceiros, desde a sensacional Until We Meet Again.

Acompanhamos a história de Sun (Fluke Natouch, de UWMA e My Bromance), um estudante de música que entra na universidade com o objetivo de se tornar membro da banda sinfônica. Ele acaba esbarrando com Khim (Ohm Thitiwat, de UWMA), estudante do terceiro ano que, embora seja talentoso no violoncelo, é bastante frio e introvertido, tendo poucos amigos. A princípio eles se desentendem porque Sun é bastante expansivo e isso incomoda Khim que prefere ficar quieto. Acontece que Sun possui um grave problema cardíaco e, ao ver o outro se sentindo mal, Khim decide ajudar, o que acaba por aproximar a ambos. 

Khim é irmão mais novo de Rain (Noh Phouluang, de Nitiman), um veterano do último ano que é um dos mais populares da universidade e estrela do time de Rugby. Ao contrário do irmão Rain é simpático e muito comunicativo, além de extremamente maduro e responsável, por isso sendo alvo do pai que gostaria que ele se dedicasse mais a empresa da família, uma das maiores do ramo imobiliário no país, e menos ao Rugby, já que Khim só pensa em música e nunca deu indícios de se preocupar com os negócios, o que gera muito atrito entre ele e seus pais. 

Os irmãos contam com a ajuda de Phayu (Peterpan Thasapon) filho do mordomo da família e que age como motorista e secretário dos meninos além de trabalhar meio período numa churrascaria. Embora seja próximo de ambos desde a infância, Phayu não consegue realmente se sentir um amigo à altura deles por causa da sua posição, além de uma paixão platônica que ele tem por Rain, de quem é mais próximo e tenta cuidar com o máximo de carinho.

A história vai se desenrolando então conforme Khim e Sun se aproximam lentamente, tentando superar as dificuldades que que aparecem pela diferença de suas personalidades. Khim tenta afastá-lo e, ao mesmo tempo, se preocupa com o outro a ponto de sempre buscar ficar por perto para ajudá-lo, ainda que não admita nem mesmo pra si. Também vemos a complicada relação dos irmãos com os pais, que querem querem que os filhos se preocupem com os negócios. Vendo que o irmão não pode ser feliz longe da música e de uma vida mais reclusa Rain decide abandonar suas próprias escolhas e se dedicar a empresa, enquanto se vê na complicada relação com Phayu que, embora goste dele, sempre se afasta para não prejudicar o seu mestre.

A relação de Khim e Sun vai crescendo conforme eles vão adquirindo confiança um no outro, muitas vezes se entendendo depois de uma discussão ou de buscarem um sintonia na música já que, ao entrar na banda, eles precisam fazer um dueto numa apresentação importante e por isso precisam se conhecer melhor, além de contarem com uma ajudinha de Rain. 

Sun, por seu problema grave de saúde, está sempre diante da perspectiva da morte, o que o leva a encarar a vida de modo mais espontâneo, já Khim está sempre profundamente incomodado e tem uma visão pessimista de tudo, já que sofre a pressão constante de ser criticado por fazer o que gosta. Pode parecer um dilema bobo de menino rico mas a forma como isso é mostrado é de uma beleza incrível.

E isso me leva ao ponto que eu queria chegar: a beleza dessa série! Além da estética belíssima, seja nas lindas locações e da fotografia exuberante e melancólica, a construção das relações é bela. Tudo se dá de forma lenta e gradual, o que é uma crítica quase unânime na internet com a qual eu não concordo. As pessoas disseram que a série é parada e que nada acontece, mas o fato é que elas não conseguiram pegar a sutileza da construção mostrada. Os personagens muitas vezes não dizem nada ou fazem coisas pequenas que já demonstram muito sentimento. Rain dormindo na cama de Phayu mostra que ele se sente próximo e íntimo do outro, enquanto ele se afasta. Khim se preocupando em comprar maçãs para Sun ou ficando por perto, do lado da parede, quando o outro está passando mal mas sem se aproximar a ponto de deixa-lo desconfortável, são pequenas coisas que mostram um interior que vai transbordando.
 

O auge da série é quando o Khim, homem sério e fechado, revela suas lágrimas e medo para um Sun acolhedor e compreensivo que gentilmente o abraça. Ou ainda quando Sun admite ter medo da morte e Khim fica ao seu lado, emprestando o ombro pro outro derramar suas lágrimas. E há ainda uma promessa capaz até mesmo de fazer ambos superarem uma das maiores dificuldades que podem aparecer na vida, quando são envolvidos numa trama ainda maior, que leva a série para um outro patamar. O que começou sendo um romance doce e problemas familiares se torna uma disputa mortal por poder que acaba engolindo os nossos personagens num turbilhão quase impossível de escapar. A qualidade da trama aqui dá um salto impressionante. 

Phayu também é um personagem que me conquistou, a atuação de Peterpan consegue mostrar toda a angústia dos sentimentos conflitantes dele por Rain. Ele cuida do mestre ao mesmo tempo que busca sacrificar sentimentos pelo bem dele, mas acaba só deixando Rain ainda mais preocupado. A força e a maturidade de Rain em se sacrificar também é de uma virtuosidade notável. 
Claro, não poderia deixar de falar da já conhecida atuação impecável do Fluke, mas aqui também tivemos bastante espaço pro Ohm e dessa vez os dois foram devidamente colocados no mesmo nível. Ambos se entregaram e se mostraram excelentes nas cenas de maior carga dramática e até nas cenas mais cômicas. Pra quem diz que o Ohm não sabe atuar e que faz sempre a mesma cara, quando na verdade não conseguem entender a limitação de um ator e a característica do personagem, essa série provou o contrário.

Enfim, com uma narrativa delicada e de sutileza poética a série mostra o crescimento dos protagonistas e como eles vão encontrando no amor a coragem para ir construindo seus próprios caminhos. Com uma fotografia impecável e visuais belíssimos, além de um trilha sonora emocionante, Oh! My Sunshine Night é uma excelente série que, infelizmente, não foi bem compreendida, resultando em hate desnecessário aos atores principais que já têm outros projetos em vias de lançamentos. Realmente uma pena pois contém uma bela mensagem. 
Nota: 10/10

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