Como é bom quando a realidade supera as expectativas. Daou e Offroad continuam me ensinando tanto e me mostrando cenas tão lindas, que vieram a casar tão bem com um pequeno declínio dos dias de melancolia intensa em que estava mergulhado.
Decisões difíceis e dolorosas de serem tomadas, e o amor presente em cada uma delas. O jovem que, já apaixonado, ainda assim roubou aquela que poderia ser a única chance de sua avó viver, e a velha que a rejeitou, sabendo que ele não ficaria sozinho, mas que teria o outro cuidando dele.
O homem que esperou cem anos se vê em dúvida entre duas pessoas que podem ser sua amada, por quem ele esperou tanto tempo. Mas e agora, quem será? O homem por quem ele se apaixonou ou a moça, idêntica a sua amada, que se lembra de tudo, mas por quem ele não sente nada? A dúvida lhe estampou a face, tomado de confusão.
A dor lancinante de ter sido roubado não foi maior que a dor de ver seu amado mentindo para todos, em nome de seu amor, porque decidiu que seria melhor não arriscar a vida daquele que passara um século esperando por alguém que poderia não ser ele. Colocar quem se ama em primeiro lugar, Wee fez isso duas vezes, com sua avó e com San. Offroad deu um show de interpretação em tantas camadas: o medo de perder sua família, de perder aquele a quem amava, e vendo-se sozinho, optando por não arriscar a vida de San.
San, no entanto, não se convenceu das palavras ditas pelo jovem, e permanece em busca de esclarecer as coisas. Percebe a dor que causou nele ao demonstrar a confusão que a aparição da nova mulher causou em seu coração, mas a verdade de seu sentimento veio à tona quando, de joelhos aos pés dela ele pede perdão e diz que, mesmo tudo indicando que ela é, na verdade, quem ele esperou todo esse tempo, é Wee quem ele realmente.
O amor não é então fruto de uma magia, nem mesmo de aparências perfeitas, nem de memórias intactas: o amor é mais profundo que tudo isso, é algo tão verdadeiro que transcende o aparente e toca a essência daqueles que amam, e os transforma profundamente.
San não imaginava, nem sequer aceitava, amar outro homem, e agora ele consegue até mesmo dizer para a mulher que é idêntica a sua amada de cem anos atrás, que Wee é quem deve ficar ao seu lado. E garoto que até pouco tempo ele nem mesmo suportava, se tornou para ele objeto de amor tão profundo que ele consegue ver através de suas palavras, como se as lágrimas de ambos fossem como que lentes, permitindo-lhe ver a verdade por trás do que foi dito.
Amor, verdade e sacrifício. Wee sucumbindo ao ficar sozinho, decisão triste, dolorosa, a mais difícil e, porém, a mais necessária. Nessas caminhadas difíceis pelas estradas do destino, amar significa muitas vezes sofrer para que o outro seja feliz, ainda que eles estejam perdidos em meio às mentiras e invencionices, enquanto permaneço na esperança de que logo se libertem e sobre apenas o amor.
Amor, tão incompreensível e intraduzível, mas que ainda se faz visível e palpável por meio das ações e das lágrimas, amor que é como um tesouro, uma esfera que guardamos com preciosismo e cuidamos com todo nosso ser. Não há muito que possamos fazer além de cultivá-lo.
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