quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Um refúgio na depressão do cotidiano

A primeira notícia que vi hoje é de que uma produtora no Japão prepara um remake do BL tailandês Love in the Air (que foi protagonizado por Boss e Noeul) e que lá vai ter o Shoma Nagumo e Takuto Hamaya. O Shoma é um super-modelo mega famoso, e que fez umas participações especiais em kiss x kiss x kiss25 Ji, Akasaka de, o que foi bem fofo. Acho que essa será a única boa notícia de hoje. Tenho uma reunião logo mais à tarde, que seria agora de manhã e foi adiada sem me comunicarem. Vida que segue. 

Cada dia mais a morte se torna a única esperança.

Dormi ontem o dia quase todo. Assisti algumas séries até às onze, deitei com meu coquetel de remédios e acordei por volta das quatro, comi qualquer coisa e deitei de novo, acordei pelas nove, assisti mais dois episódios e às dez e meia já estava na cama de novo. Ainda acordei cansado. Minha cara denuncia isso, um cansaço profundo, algo pior do que o tédio, mas uma descrença arraigada no ser de tal modo que a existência se torna, por si e em si, penúria e sofrimento indizível. 

Não estou nem mesmo conseguindo disfarçar a cara de cansado, misturado com alergia e depressão. Não há o que fazer. 

Foi um fim de semana que passei a maior parte do tempo fora de mim. Abstraindo tudo ao meu redor. Precisava sorrir, ser simpático, apenas isso. Mantive por três dias. Não descansei, a mente não parou até o momento em que eu tomei um bom porre e capotei. Ainda hoje ela tentou despertar completamente e voltar aquela agitação horrenda, mas tenho tentado não permitir. Ainda tenho a tal reunião e, mais tarde, um ensaio, e pretendo conseguir ver ainda um ou dois episódios antes de dormir.

Em dado momento me disseram que as séries estão me matando, que estão me afastando do contato com as pessoas reais, e eu entendi isso, percebo que até certo ponto pode ser verdade, mas apenas até o momento em que eu recorro as séries pelo exato motivo de já ter contato demais com as pessoas. Quando se é preciso sorrir demais, resolver problemas demais, lidar com questões demais, sem que tenha a possibilidade de fuga ou refúgio, é necessário que eu tenha ao menos essa uma hora de cada noite, em que posso não prestar atenção ao mundo que me cerca. É o único momento em que posso me ver livre, quase completamente, da miséria em que me vejo afundado o resto do dia. 

Tenho me distraído nos últimos dias com Monster Next Door e com I Saw You In My Dream, completamente apaixonado pela leveza e doçura dessas duas histórias, tão simples quanto cativantes. São um momento de tranquilidade, sem prazos, sem mensagens idiotas com demandas imbecis, sem responsabilidade. 

Eu passo meus dias sendo simpático e fingindo interesse em pessoas que não merecem educação e nas quais eu não estou nenhum pouco interessado. E nem mesmo poso me desvencilhar disso, então passo o dia sustentando uma máscara. É necessário um momento sem isso, sem precisar sorrir, e me deixar levar pelas imagens de sombra e luz, pela doçura dos amores, pelas conquistas e galanteios, pela beleza daqueles anjos que, em suas formas quase divinais, desfilam, sorriem e fazem suspirar. É o meu único momento, ainda que tente tornar cada momento único ao seu modo. Mesmo na correria eu ainda tento tomar um chá ou café, sentindo seu perfume enquanto ouço uma música baixinho, tento não me deixar levar completamente pelo ritmo acelerado dos outros, tente viver o hoje e aproveitar o hoje. 

É por isso que, ao fim de um dia, eu nem sempre quero que ele continue, porque eu vivi aquele dia ao máximo. Eu prestei atenção ao que precisava de atenção, eu usei uma máscara mas sorri de verdade quando vi alguém que achei bonito, uma música que passou despercebida para a maioria me fez lembrar daquela noite em que vi o filme com alguém que amava. Gosto de estar com os pés no chão, ver um foto de um ator que amo já torna uma reunião fadigante um pouco mais leve, uma mensagem às vezes torna meu dia mais tranquilo. No meio da multidão suspirar de amor já muda as batidas do meu coração, já deixa meu respirar mais leve. Mas, ainda assim, naqueles momentos solitários à noite, são os únicos em que me encontro plenamente relaxado.

Venho tentando respeitar os limites do meu corpo e da minha mente. Não consigo mais me obrigar a virar noites como antigamente, bebendo e sorrindo. Meu sorriso tem limites. Meu sono é prioridade, assim como meu estudo. Só eu sei o quanto é difícil suportar uma ciclagem rápida por causa de noites sem dormir, ou como preciso recorrer aos remédios para me estabilizar e ainda assim acabar fazendo alguma besteira... Só eu sei. Mas tudo bem, ainda na semana passada eu reclamava do quanto era difícil estar sozinho, sempre sozinho, mas a companhia também nem sempre é confortável o bastante para sobreviver ao silêncio. Ficar em silêncio ao lado de alguém, confortável, como uma leve brisa a tocar as pétalas de uma flor. 

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