quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Existencialismo


Aqueles olhos castanhos 
me deixavam em cárcere. 
não é fácil fugir do inferno
quando o mesmo parece atraente.
e só quando me vi morto,
diante daquilo que um dia amei
dei conta de que o inferno era, e é bem real.

(David Benvenuto)

E, como sempre, eu estou falando demais, reclamando demais, sentindo demais. Por que não consigo aprender a ficar quieto e calado? Sou eu quem sente demais, sou eu quem ama demais. Então por que sinto que eu estou errado, sempre errado nessa situação? 

Queria apenas não sentir nada. 

Não sentir, 

não reagir, 

não pensar. 

Apenas existir, mas, em verdade, existir eu também não queria, 

porque existir significa sentir, 

reagir, pensar, 

e tudo isso dói, 

tudo isso dói demais. 

E eu não queria sentir mais nada. Nada.

Não dizer nada. Não incomodar ou machucar ninguém. Ainda que ninguém se importe comigo assim. Até meu silêncio esconde um sentimento tão alto quanto uma explosão nuclear. 

Sinto a dissolução do meu eu, como se fosse deixando de existir, algo como uma expansão que pouco a pouco fosse me desfazendo. Eu queria que fosse assim. Queria me desfazer. Queria apenas sumir...

"Você pode comer 
o quanto quiser
que essa fome
não vai passar;
nunca passa. 
é o tipo de fome 
que não vem do estômago

mas do vazio da alma."

(David Benvenuto)

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