sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Resenha - Century of Love

 "A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: — o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão." (Nelson Rodrigues)

Até repeti a citação do meu último texto porque acho que algo nela reflete a essência dessa obra que me encantou, e que atendeu a todas as minhas expectativas, que eram altíssimas. E aqui também tem algo que é o centro de toda a obra: a essência do amor.

Se, na primeira parte da série, a trama corria ao redor do fato da reencarnação de Wad ser um homem, cabendo ao San (Daou Pitaya, de Love in Translation) aceitar e entender que, de fato, aquela pessoa que ele amava, independe da aparência de mulher ou de homem, e que Wee (Offroad Kantapon), embora tenha personalidade bem diferente de Wad, tinha a mesma essência, tanto que mesmo em negação ele ainda se apaixonou perdidamente, tão verdadeira e tão profundamente que a essência do amor de ambos os levou para o segundo arco, e mais importante, que foi conduzido por uma belíssima ponte de transição da narrativa.

Agora percebendo que se amam de verdade, San e Wee levam seu relacionamento até as últimas consequências: o sacrifício de amor. 

Wee é o primeiro a fazê-lo quando decide abrir mão da convivência por conta da falsa Wad que apareceu e que colocou em sua mente o perigo de fazer perder a vida de San: ele afirma que prefere viver sozinho se ao menor puder ver o outro sendo feliz, ainda que longe. Mas isso não dura muito, pois o próprio San percebe que ele já não pode ser enganado pela aparência e pelas memórias forjadas dela, seu coração já é todo do outro. Ao fim temos então San deixando que o sábio use a Pedra das Cinco Cores para salvar a vida de Wee, baleado numa confusão, sem se importar que, com isso, estaria condenando a si próprio a morte, já que a pedra era necessária para o ritual que o permitiria terminar de levar uma vida completa, envelhecendo finalmente depois de cem anos de espera.

Sacrifício. Wee sacrificou seu desejo de estar ao lado de San pelo bem-estar do amado. San se sacrificou pela vida do seu amado. Os dois se amam tanto que colocaram o outro a frente de si próprios. Afinal, quando se ama, nada mais importa além da felicidade da pessoa amada. 

Com a química única de Daou e Offroad, resultado de uma amizade íntima que já dura vários anos, os dois sustentaram uma trama romântica, cheia desses mistérios e intrigas típicos dos lakorns onde a história se desenrola ao redor de uma grande família. Vemos a união dessa família, bem como dos amigos, e aqui claro destaco a atuação do Pond Ponlawit (180 Degrees Longitude Between Us) como Dr. Third que, na última encarnação foi o causador da morte de Wad e que agora se redimiu sendo um porto seguro para Wee e, mesmo competindo até certo ponto com San, soube reconhecer o amor deles, não só respeitando mas também ficando ao lado de ambos nos momentos finais e mais difíceis. 

Também gostei da presença do fofíssimo See Parattakorn (Laws of Attraction) como o amigo bobinho de Wee mas que também ficou ao lado dele nos momentos mais complicados. Essas presenças são importantes, pois mostram o quanto um amor, sendo verdadeiro, move e comove todos ao redor. 

Foi lindo ver o quanto San, amargurado depois de cem anos de espera, voltar a sorrir e se apaixonar, sem reservas, por Wee. Wee, mesmo numa vida tão difícil e solitária ao lado da avó, se entregando e sendo cuidado com carinho. Talvez seja uma lição: esperar pelo amor, ainda que cem anos. O resultado é a felicidade, estampada na nossa cara. E aquele sorriso então? Sem condições. Os dois juntos são simplesmente maravilhosos e então todos nos apaixonamos também, os dois são um sonho: fofos, safadinhos, carinhosos e até bobinhos.

"Se você quer dar beijinhos, tem que usar bolinhos!" (San)

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