quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Silêncio e Escuridão, Novamente

Minha voz
não chega aos teus ouvidos

meu silêncio 
não toca teus sentidos

sinto muito
mas isso é tudo que sinto

(Alice Ruiz)

É o lamento solitário desse jovem barroco. Alma velha, ferida pelos anos que não passaram ainda, e que já se cansa dos que se estendem demais. Velho amante a se lamentar os amores que não viveu.  

Não é uma acusação, é um choro dolorido, adágio lamentoso

E por falar em adágio, as músicas esses dias têm refletido minhas mudanças de humor. Passei o fim de semana inteiro ouvindo em repetição as melancólicas e meio eróticas músicas de Cigarettes After Sex. Hoje estou preferindo a agressividade do rap do TARA, um cantor tailandês que canta as maiores canalhices enquanto faz séries fofinhas. 

Acho que já é terceira vez que digo isso essa semana, mas queria muito poder voltar pra minha cama, para aquele silêncio, aquele calor acolhedor. Eu sei que lá nem tudo é melhor, mas não há outro lugar em que eu queira estar agora, não desejo nem mesmo como tantas vezes antes a presença de alguém, desejo apenas a inconsciência. Me canso de minha própria repetição, mas a melancolia tem algo de constante em mim. 

É um momento de silêncio e escuridão. 

Cruzei brevemente com aquele jovem acólito em meio à multidão, ele não percebeu minha presença perdido entre tantas pessoas, mas eu o observei. Em outros tempos talvez tivesse me sentido feliz por vê-lo, mas não, me lembrei do quanto o acho bonito, mas não senti nada ao vê-lo, o vazio em mim permaneceu vazio.

Fui dormir e acordei com o mesmo sem vontade que vim ao mundo. Longos minutos olhando essas linhas na esperança de que despertassem algo no meu ser. 

Nada. 

Apenas o vazio que continua. 

Mas, pelo menos agora, ao contrário dos últimos dias, sinto pelo menos um pouco de amor.

Em quem você pensa quando seus sentidos estão em suspenso? Não foi em mim que pensastes. Eu quase sempre penso em você, e isso diz muito sobre mim, sobre nós. 

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