segunda-feira, 24 de abril de 2017

Amarras

Vazio, silêncio, dor, torpor.

Gostaria de novamente me derramar com histórias diferentes a contas, sentimentos novos, impressões desbravadas, mas não, meu coração se recusa a viver o novo, o diferente, insiste em não se desprender, em não se desapegar.

Normalmente as pessoas buscam fugir das ocasiões que lhes aprisionam. Penso que a maioria não goste de se sentir amordaçada. Mas o coração é a exceção dessa regra. Não só gosta de se sentir preso como ele mesmo se aprisiona em calabouços criados por minha própria mente. 

As vezes eu penso sobre isso e tento chegar a alguma conclusão, mas só consigo ver minha mente como uma espada de dois gumes, dois lados opostos, que nunca se encontram.

Há em mim momentos de lucidez, onde consigo dizer o que sinto, enxergar um problema e ver até mesmo uma solução, minha mente é capaz de ver tudo isso. Mas quando chega a hora de colocar em prática, é como se esse lado lúcido se perdesse em meio a uma névoa densa, e eu voltasse a estar cego. 

Com efeito, muito embora ainda seja eu, não me reconheço em minha totalidade em nenhum desses momentos distintos. 

Parece que tem sempre uma face dominante de mim, uma parte que se sobressai, mas nunca sou eu em tudo, nunca com controle absoluto, mas sempre prisioneiro de minhas próprias vontades... 

E essa prisão me suga as forças, me deixa frágil, vulnerável, e assim é como me sinto... Preso, mas incapaz de escapar das amarras que eu mesmo me impus... As amarras do meu próprio coração.

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