domingo, 2 de abril de 2017

Céu, olhares e chuva

O céu hoje não está tão bonito... 

Não tem muitas estrelas nele, e a lua está opaca, apagada... 

Olhando o céu me vem a sensação de vazio... 

Não, isto está errado...

O que vejo no céu é apenas reflexo do universo que existe dentro de mim. É ele que se encontra vazio, apagado e sem vida!

Assim como o céu que agora olho não reflete nenhum beleza nem tem motivos para brilhar, o meu interior também não consegue encontrar nesse mundo nenhuma razão para brilhar ou buscar ser feliz. 

Apenas existe. 

Existe.

Existe?

Alguns podem olhar para o céu nesse exato momento e achá-lo lindo, a mais bela das noites. Provavelmente nesse exato momento algum casal enamorado  tem nessa a mais maravilhosa das noites. Mas eu não!

Assim como como esse céu posso parecer diferente a quem olhar. Muitos dizem que sou uma pessoa alegre, muito embora tenha uma veia dramática bem acentuada, mas o que veem essa máscara de alegria não sabem do que se passa aqui dentro. A estrela que brilha hoje no céu está morta já há milhares de anos!

Eu não estou sabendo como existir. Já não me atrevo a chamar isso de vida. Não vivo, apenas levo uma existência vazia, guiada por alguns poucos objetivos esparsos que ainda não perderam seu significado na imensidão do meu universo. 

Por alguns momentos algo em mim cintila numa breve faísca. Uma minúscula vontade de voltar a existir, de voltar a brilhar, mas ela logo se vai como areia ao vento, como pétalas ao vento, como vidas ao vento.

Qual o sentido dessa existência sem sentido? 

Seria buscar um sentido? 

Ou viver sem um sentido? 

Não há nada que eu queira mais. Não há um objetivo concreto, como comprar algo ou conquistas algo academicamente... Mas ao mesmo tempo eu só quero que isso acabe. Que a dor acabe, que o vazio seja preenchido com algo, ou que a vida acabe, para que assim a dor acabe também. Mas não creio que isso conte como objetivo, afinal nada mais é do mais uma fuga, e parece que de fugas eu já estou saturado, já fugi demais, já me escondi demais... Depois de passar a vida inteira correndo agora eu paro aqui, embaixo desse céu opaco, a espera de um não sei o quê.

Esperar.

O quê?

Aguardar.

Pelo quê?

Almejar.

O quê?

...

Esperar?

Aguardar?

Almejar?

Palavras de desejo e esperança. Irônico brotarem naturalmente de meu coração, quando nele só há desilusão. 

Acabei de me olhar no espelho... 

Não reconheci a figura que nele vi refletida. 

Aqueles não são meus olhos!

Os meus eram quentes e carinhosos, aqueles eram frios e só guardavam maldade e melancolia. Não eram meus... Não sei de quem são, talvez do meu demônio interior, mas não são meus... 

Voltei meu olhar para o céu novamente, que agora começa a se encher de nuvens... 

Acho que vai chover, não sei, talvez o céu chore essa noite, e eu chova com ele também... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário