sábado, 29 de abril de 2017

Laços irreais

Minha alma em silêncio busco refúgio nos sons do mundo, para não ter de enfrentar o vazio do abismo de meu coração. É mais fácil fugir do que enfrentar o temível leão que espreita, procurando a quem devorar. 

Não há mais nessa pobre alma sinal de canto, ou de cor, ou de amor. Ela se reduziu ao pó, só há nela desesperança e medo, e logo ela retornará ao nada, a inexistência...

Dizem que somos formados pelos laços que criamos em nossas vidas. Mas e quando esses lados são tão frágeis que logo se partem? Ou quando os únicos laços existentes são os que tentamos amarrar uns nos outros para então conduzi-los a morte?

Laços são ilusões, nos cegam e nos desviam do verdadeiro sentido do viver. Eles não existem verdadeiramente senão para iludir os homens e levá-los a completa loucura. Os conduzem a lutas sem sentido, a objetivos inalcançáveis e por fim, a decepção que leva a morte certa. Laços são ilusões. Não moldam nosso ser, apenas nos oferecem uma gama interminável de desamores e decepções. Laços são ilusões. 

Pobre daqueles que acreditam que seus sentimentos pífios conseguiram alcançar o coração de alguém. Descobrirão estes da pior maneira que ninguém pode ser alcançado, ninguém sabe ser amado. Risíveis são seus esforços para tentar de alguma forma entrar numa sala lacrada, onde nunca conseguiram residir. 

Pobres... Acreditam que seu amor são como uma laço que os unem a seus amados, mas na verdade não passam de correntes, que aprisionam a alma e o coração e os impede de viver verdadeiramente sozinhos, como deve ser.

O homem nasceu para viver sozinho, por um capricho se organizou em sociedade, mas não sabe viver assim, pois insiste em destruir os seus semelhantes, e a ignorar o amor que estes lhe dão. 

Alguém que ama um homem que nem sequer pensa nele durante o dia não é digno de viver, desperdiça sua vida numa existência patética. O seu amor tornou-se uma corrente que irá aprisioná-lo nessa cela até sua morte, e não há mais escapatória, pois o próprio homem fechou o cadeado que o prende.

Não há escapatória.

Não há saída.

Não há (mais) vida.

Não há (mais) amor.

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