quarta-feira, 5 de abril de 2017

Pessoas esquecidas

Com frequência nos esquecemos de muitas coisas durante nosso dia. Caminhando na calçada passamos ao lado de uma pessoa de aparência engraçada, antes de virarmos a esquina já nos esquecemos dela. Quando muito, nos recordamos até chegar ao nosso destino. 

Nos esquecemos com essa facilidade das pessoas pois não são importantes para nós, nem sequer as conhecemos... As memórias sobre elas vem e logo passam. Tudo passa. Nessa vida tudo é passageiro. 

As montanhas são desgastadas pelas águas das chuvas e mudam de forma, ainda que essa mudança demore milhares de anos. As folhas caem, os frutos apodrecem, os animais morrem e as pessoas se esquecem.

Nos esquecemos da moça de aparência sofrida por quem passamos na rodoviária a nos pedir esmolas. Nos esquecemos do senhor impaciente que ficou reclamando da vida na fila do banco. Nos esquecemos desses estranhos que brevemente nos cruzam o caminho, mas e quando nos esquecemos daqueles que habitaram em nosso coração? 

Não só dos estranhos nos esquecemos, mas também dos que já nos fizeram felizes, dos que nos fizeram sorrir. Nos esquecemos de quem nos amou, e de quem amamos...

Há quem discorde dessa afirmação, pois dirá que o amor não é passageiro, e sinceramente não sei se essa afirmação é correte ou não. Mas de uma coisa eu sei: amei pessoas e hoje não me lembro mais delas.

Pode não ter sido amor, pode ter sido qualquer coisa, mas eu me esqueci delas.

E elas se esqueceram de mim.

Como uma multidão desconhecida voltamos a nos desconhecer. Almas e corpos que um dia se tocaram, e que, por alguns minutos ou noites se amaram, hoje não se conhecem mais. 

Eu me esqueci de muitas pessoas, que foram um dia importantes para mim, e muitos se esqueceram de mim também... 

De alguns não sinto falta, pois me esqueci deles, mas alguns, gostaria que se lembrassem de mim... Mas para esses não passo de uma sombra de lembranças, um vazio, um salto no esquecimento. Não mais existo em suas vidas, nem em suas lembranças, para eles estou morto...

E afinal, não estamos todos? 

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