O Arauto do Destino tocou sua trombeta e, como aquela tuba gloriosa que no fim dos tempos convocará os homens ao Trono, fez ressurgir das cinzas as criaturas que há muito já não existiam senão em mim.
A recordação veio buscar-se em mim, e encontrando sua morada fez de minha alma sua pousada. Trouxe consigo um séquito perigoso e instaurou-se em mim uma estranha miríade de sentimentos.
Medo
Dor
Amor
Paixão
Incompreensão
Indolência
Insatisfação
Desejo
Ardor
O Arauto do Destino fez com meu ser sentisse, por um instante que fosse, capaz de cobrir com sua vontade toda a totalidade da existência, como se pudesse curvar todas as outras consciências à mim. E no momento seguinte fez com que me sentisse o menor de todos os viventes.
O que sinto é real? O Arauto é real? Ou será o efeito da chuva torrencial ou dos benzodiazepínicos que correm em minhas veias?
O que sinto é real. O Arauto pode não existir, sendo apenas uma manifestação da minha consciência, que frente a realidade criou essa perspectiva para me proteger dessa mesma realidade. Esse efeito é potencializado pela chuva torrencial e pelos benzodiazepínicos no meu sangue...
Mas e essa reflexão? Ah, essa é apenas fruto de uma onda súbita que me surgiu, e me engolindo completamente se explodiu em palavras, balbucios de uma alma transtornada, confusa e apaixonada...
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