quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Gélida verdade

Gostaria de sentar aqui de frente ao computador e escrever aquilo que se passa em meu coração. Gostaria de poder dizer ao menos o que sinto, ou de outro modo, como me sinto. Mas agora, vário minutos transcorridos desde que aqui me sentei, percebo que não possuo o vocabulário necessário para tal. 

As únicas ideias que me ocorreram terminariam como mais um dos muitos textos onde me debruço acerca da transitoriedade dos relacionamentos humanos. Mas como dizer como me sinto sem cair na repetição de tantas palavras já ditas e que, mesmo sendo numerosas, ainda são incapazes de expressar o vazio deixado no bem no âmago do coração de alguém que foi abandonado? 

Infeliz é a vida de quem, mesmo dedicando-se a escrever, é incapaz de descrever com palavras a dor sentida da solidão advinda do abandono. E é irônico notar que tantas músicas já foram escritas sobre isso, tantos livros, tantos poemas, e essa sensação ainda assola a alma humana como uma mal irremediável. 

Os sábios costumam dizer que na vida a única coisa sem solução é a morte. Discordo de tal afirmação por muitos motivos, sendo o principal deles a crença de que também a solidão não encontra nessa existência possibilidade de solução "porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda chance sobre a terra." como disse Gabriel García Marques. Isto é, aqueles nascidos para vagarem sozinhos não encontrarão mais do que companhias fugazes, nunca abandonando seu estado solitário, nunca fazendo parte de algo. 

É uma realidade fria, como a maioria das verdades da vida. E sendo ainda mais dura do que o aço, não se curvará a vontade do homem, não importando o quanto este tente, grite ou desespere-se. Não há uma conclusão otimista, portanto, apenas a constatação gélida de uma verdade insuperável, de uma barreira intransponível. 

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