quarta-feira, 29 de novembro de 2017

(In)Percepção da (Tua) Realidade

Você não vê a si mesmo como eu vejo, não é? Não vê a si mesmo como eu vejo por não querer ou por ser incapaz de o fazê-lo? Acho que não é capaz de ver-se como o vejo ainda que quisesse, e não o quer. Não deseja ver-se como todos o veem. E isso é triste, uma triste verdade.

O que você vê quando se olha no espelho? Certamente não vês o mesmo que eu ao olhar a tua imagem, seja numa fotografia ou quando se apresenta pessoalmente a minha frente... É certo que tu não te enxergas como eu o enxergo por encontrar-se demasiado cego, por uma nuvem inumerável de fatores que deturpam o idílico quadro que és tu numa horrenda vista do inferno. 

É como se o mais infeliz dos homens, tendo diante de si o paraíso, só conseguisse enxergar o vermelho e o sangue do inferno, sendo incapaz de contemplar a maravilha da criação que diante de ti se desfralda como uma Avalon de deleites. 

Tu não te enxergas como o deus que és mas, ao contrário, como o demônio que não és, e mesmo que dentro de ti haja algo de demônio, não és demônio por completo, senão que não consegue separar a visão que deveria ter de ti, tua figura real, da figura pessimista que teu destino lhe fez crer ser a real. 

É de fato uma pena, e uma grande infelicidade, que tu, detentor de tão grande beleza, se veja de forma tão medíocre e que diminuas a sua infinita grandeza, numa medíocre e ínfima oposição da realeza... 

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