quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Espelho

Sabe quando você se olha no espelho e já não reconhece mais a imagem que ali vê refletida? Como quando olhar um desconhecido a andar no sentido contrário ao seu na rua e, mesmo sendo um completo estranho, consegue perceber que sua expressão é de ódio e rancor? 

Não mais reconheço aquele que vejo no espelho, mas também não sinto saudades daquele que via. A imagem que antes ali se refletia era de um homem sorridente, cujo sorriso se apagou graças a própria ingenuidade em pensar que aquele sorriso poderia conquistar o próximo, em acreditar que suas palavras poderiam tocar o coração de quem quer que fosse. 

Não há mais um sorriso natural, inconsciente, de quem não compreende a própria vida, mas um sorriso de alguém que agora busca ser feliz compreendendo os próprios caminhos. A diferença interna torna a externa perceptível. O sorriso de antes acreditava ser feliz, e o de agora o deseja. 

Se o sorriso de antes foi apagado por lágrimas e caretas de dor o de agora tornou consciente de que essas expressões são todas passageiras, efêmeras demais, para serem permanentemente substituídas. Acontece que na vida os sorrisos, assim como quase tudo, passa, acaba, termina e se transforma em outra coisa. Alguns chamam a isso amadurecimento, eu apenas vejo como um fluxo natural, cujo ponto final não é a nós revelado, afinal não sabemos onde terminaremos e mais, nem sempre evoluímos. Com efeito as regressões são ainda mais frequentes que os aprendizados. 

De qualquer forma aquele velho sorriso, que depositava em todos a confiança e o carinho que a ninguém deveria ser entregue, desapareceu, e deu lugar a outro. Assim como o eu de antes deu lugar a um outro, que deverá dar lugar a outro ainda em pouco tempo...

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