domingo, 5 de novembro de 2017

Singeleza

Na manhã fria de domingo o sol se esconde por entre as nuvens grossas, que anunciam a chuva que logo correrá por sobre a terra. A tão esperada chuva haverá de tirar das coisas o tom marrom, cansado, sinal do calor que há mais de cem dias nos queima a face e nos entristece o semblante.

Muito me agrada a dicotomia de um dia nublado em que escondendo-se o astro rei dos olhos dos homens o mundo revela-lhes a alegria. Uma alegria diferente daquela brilhante, quente, que os dias ensolarados nos dão. Nesses dias são comuns os ditames de festejos, de dias nas praias e de ensolaradas tardes. Mas em dias como hoje as alegrias são mais discretas, mas exatamente por isso são mais completas. Elas nos chegam delicadamente, como uma voz doce a nos chamar para a manhã que desponta, e ficando marcada em nosso coração carregamos aquela voz ao longo dos dias, contrapondo o frio com o calor que ela deixa em nós...

Um brinde as alegrias delicadas, as pessoas delicadas, que na contramão do mundo impedem que todos embarquem rumo ao esquecimento do bom, do belo, do puro. Alegrias doces, tão pequenas que não são notadas por ninguém além de nós mesmos, alegrias poéticas. Encontradas num sorriso, num olhar e até mesmo num silêncio, elas são também capazes de nos transformar, ainda que seja por apenas alguns instantes, em pessoas melhores. 


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